domingo, 19 de julho de 2009

miki e o hip-hop

Pois a coisa correu muito bem!
Só não digo "não podia ter corrido melhor" porque como já é do conhecimento geral, o Sam, doente, faltou à chamada. As melhoras e os parabéns atrasados!
Agora o acontecimento: foi um espectáculo brutal.
Tudo muito coordenado: rappers, coro (Dino, Marta Ren, Larissa, Marta e New Max, este último entrecortando com momentos a solo) e orquestra perfeitamente sincronizados nas entradas de cada um e no modo como deixavam ouvir mais o outro quando a harmonia assim o exigia.
Um NBC abnegado e entusiasmante como sempre e um autêntico monstro em palco: Larissa. Possuídora daquela melosidade tão cara às senhoras da dita neo-soul norte-americana (vide Erykah Baduh, N'Dambi, Jill Scott, etc. etc.), espalhou talento e sedução. E depois era um mulherão daqueles...
Mas o destaque maior tem que ser prestado justamente ao cérebro por detrás de todo o projecto: Miki. Havia de dizer o Maestro convidado no final do espectáculo, a propósito de Miki: "he's the easiest guy to work with". E foi essa a primeira impressão que tive depois de ouvir as suas palavras assim que entrou em palco. Bem-disposto, humilde e empolgadíssimo, rappou, tocou o violino (o seu instrumento de eleição), juntou-se aos coros de Dino, New Max e Larissa e ainda teve tempo para pôr o público a mexer. Inspirador!
Ouviram-se beats portugueses (New Max, Sam the Kid), os Fugees foram interpretados a solo pelo violino de Miki (Ready or not), e, já no fim, Doggy Dogg World (corrijam-me se errado estou) do Snoop ("You know this!", dizia o Miki) trouxe boas memórias. Tudo interpretado pela Orquesta Nacional do Porto a par com uma live band alemã trazida por Miki.
O encontro entre o flow do rap e a potência de uma sonoridade que talvez só mesmo uma Orquestra Sinfónica consegue produzir, foi arrepiante. O resultado foi um som muuuito cool, atraente para novos e graúdos. O prazer de ver o NBC a escutar atentamente a orquestra era exactamente o mesmo de observar um dos contrabaixistas da orquestra a abanar a cabeça ao som da bateria que acompanhava os rappers. E o mesmo dei conta nas pessoas (tão diferentes todas elas!) que a meu lado iam apreciando o espectáculo...

Lições a tirar:
O Hip-Hop é o que os seus artistas quiserem fazer dele. Absolutamente. Esperemos que a originalidade que tantos rappers reclamam, também se traduza em ver um pouco mais longe, fora de lugares-comum do que é real ou verdadeiro. Estou, perdoem-me a expressão, a cagar-me para o que isso é. Cada vez mais é paradigmático que quem faz bom rap é quem não perde tempo nesses discursos ocos e circulares. Boa música é boa música. Façam-na! Com pcs, auto-tunes, mpcs, beats, tarolas, bombos, sintetizadores, guitarras, pianos, oboés, xilofones, reco-reco, tanto faz.
É em artistas como Miki que o Hip-Hop e a música em geral têm tanto a ganhar. Porquê? Porque quando não se colocam limites prévios (e cegos) à criação, os resultados podem ser extraordinários.

Danka, Miki!

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