quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

gostei mais da crítica do que do disco

Depois de chegar à conclusão que o título deste post materializa, cheguei a uma outra: só tenho tocado por aqui álbums (ou outro formatos) de que ou gosto muito, ou não gosto nada, ou com que me desiludi tremendamente (hábito que vou tentar contrariar daqui para a frente) . Por isso mesmo, o disco tão apregoado nos últimos tempos de Dâm-Funk, Toeachizown, não apareceu por cá: não foi uma desilusão gigante porque gostei bastante de umas 4 ou 5 faixas; mas não me apeteceu tocá-lo porque depois de lêr tanta coisa fascinante sobre o disco (ele está presente em praticamente tudo o que é publicação sobre música!), achei que ele ficou bem aquém.
Mas bem, de qualquer modo, leia-se esta excelente crítica, que tem o mérito de falar de Dam Funk, do seu álbum, de hip-hop, de funk e de electrónica (ainda caberia muito mais mas a enumeração já é extensa!) com uma eloquência e agilidade espantosas. Sabe bem ler quem sabe.

Dâm-Funk - Toeachizown



P.S.: Nunca mais posto nada com a capa de um disco cor-de-laranja. Combina insuportavelmente mal com a cor do blog!

domingo, 27 de dezembro de 2009

ainda na onda natalícia


... temos outro embrulho no sapatinho!
James Brown Santa Claus Go Straight To the Ghetto

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

In The Christmas Groove


... é nome do álbum em forma de presente que a rua deixa aqui, num embrulho bem bonito, ao seus transeuntes. Um FunkyMerry Christmas para todos!

À falta de faixas deste disco (2009) no youtube, fica um êxito de 89:

Groove Thangs - Funky Christmas

Sobre o Funk

leitura obrigatória deste artigo! (nova casa do autor do antigo one for the treble, two for the bass, por aqui recomendado há uns dias)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

olha para o que eu digo, olha para o que eu faço

"At a certain point I think I got a way of my career when I said: I'm not going to complaint about Hip-Hop anymore, I'm going to make the Hip-Hop I wanna hear".

Common, numa reportagem produzida pela Current Music, aqui.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

10 anos de diferença, a mesma soul

Night Beat (1963), Sam Cooke


Smokey (1973), Smokey Robinson

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

a música está aí para nos lembrar



[Verse 1:]
The dark brown shades of my skin only add color to my tears. that splash aganst my hollow bones, that rocks my soul.
Looking back over my false dreams that I once knew. wondering why my dreams never came true.

[Chorus:]
Is it because I'm black... somebody tell me what can I do...
Something is holding me back, is it because I'm black.

Elementary, my dear Watson!


Foi um dos guitarristas mais requisitados por todos os nomes grandes da soul e do funk norte-americanos, desde Marvin Gaye a Barry White, dando ainda uma mãozinha a monstros do jazz, casos de Herbie Hancock ou Pharoah Sanders. A sua guitarra e o seu muito próprio "wah wah sound" está presente numa catrapada de grandes álbums da história da música - pensemos apenas em Let's get it on (Marvin Gaye) ou Off the wall (Michael Jackson) para termos uma noção da coisa.
A solo, tem apenas um álbum em nome próprio: Elementary (1976). É pouco? É. Mas a sua qualidade chega para nos dar uma imagem do músico que é Wah Wah Watson (nascido Melvin Ragin).
Em entrevista à Wax Poetics dos passados meses de OUT/NOV, Kurt Iveson desvenda um pouco do homem-sombra de grandes momentos da música negra norte-americana, apontando nesse sentido 5 ideias-chave para se compreender a dimensão de Wah Wah. Passo a enunciar: um "vocabulário rítmico" muito próprio ("he's constantly doodling"); a forma como soube fazer uso de novas tecnologias (samplers e synths, por exemplo); a execução, a habilidade, a técnica, os skills; o "feeling" com que toca; e o último - o que me interessa pela sua peculiaridade - o marketing, o business. Sobre este, em especial:

Wah Wah summed up his strategy like this: "I'm the bone looking for the dog, not the doog looking for the bone. (...) It's like, if you see someone you like, don't rush in there. You gotta be real casual, dog... That way, you'll make her want to come to you. Are you with me?". His point is that getting session dates is a little like getting the other kind of dates. Act like you need the work, and it just won't come. Come on too strong, and you're likely to get the bursh off.


Naif? Pretensioso? Para quem faz um disco como Elementary... compreende-se!

Goo Goo Wah Wah



Bubbles


Together (Forever)


Love ain't something

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Unexpected guests


O Doom (que, a solo, não é dos meus rappers predilectos) convidou a tropa toda e fez um excelente álbum de Hip-Hop a fechar o ano de 2009! Tirem as vossas dúvidas:

Doom Ft. Vast Aire - Da Supafriendz


Doom Ft. Invizible Handz & John Robinson - Sorcerers



Doom Ft. Talib Kweli - Fly That Knot

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

24thebass

Ainda na senda das sugestões, fica uma outra: o blog one for the treble, two for the bass. Descobri-o há pouco tempo e tenho pena! Boa música e excelentes textos.

Curtis

Por falar no Curtis Mayfield, acabo de passar numa papelaria e vislumbro na estante cimeira, meia torcida, a Wax Poetics nº 38, DEZ/JAN, com esse grande senhor na capa!

Não tenho agora dinheiro comigo, desculpe mas guarde-ma até amanho, por favor!, guardo sim, não se preocupe, obrigado!, de nada, obrigado!

A propósito de revistas, aproveito também para lembrar a entrevista do Sensational (Jungle Brothers) à WIRE de Dezembro.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

makings of you (belo de qualquer das maneiras)

Um dia disse: "The righteous way to go" é "dos samples mais bonitos que já ouvi em toda a minha vida". Hoje, enquanto revisitava o fabuloso Curtis (1970), do Curtis Mayfield, fiz uma viagem no tempo de encontro ao original. Curioso como quando ouvi o beat do 9h Wonder já conhecia o original e ele não me veio à memória...

O original que aqui fica não é, na verdade, o original, pois esse, o de Curtis Mayfield, não existe no youtube. Mas fica o remake feito para banda sonora do filme Claudine, de 1974.



9th Wonder - The righteous way to go

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

o nascimento de uma banda


... é mais ou menos assim, como se vê abaixo. Digo mais ou menos porque no clip presente, "The Birth of a Band" é tocada, não pelo original - Quincy Jones -, mas pela "Cope Midle School Jazz Ensemble", de quem nada sei a não ser o facto de serem as únicas almas caridosas responsáveis por esta música estar disponível no youtube.
Este The birth of a band (1958) é um estrondo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

sound like what?!


"These Early recordings sound like Lauryn Hill collaborating with J Dilla", lê-se na Wax Poetics de OUT/NOV a propósito do disco Early de um tal Georgia Anne Muldrow.

Claro que depois de lêr esta descrição, fui ouvir avidamente o disco. A única coisa que posso dizer é que o Dilla deve estar a dar voltas no túmulo e a Lauryn Hill a fazer um one finger algures no mundo.

nota: Esta crítica nem se dirige sequer à artista em si, mas a quem faz uma comparação como a transcrita.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

domingo, 22 de novembro de 2009

jazz 'n' bass? drum 'n' jazz?

Foi com os dinamarqueses Blood Sweat Drum 'n' Bass Big Band a partir a loiça toda - acompanhados pelo trompetista Dave Douglas - que o o Guimarães Jazz encerrou.
Com Dave Douglas a deambular por solos alucinantes, os Blood Sweat apresentaram um repertório surpreendentemente heterógeneo onde o jazz tradicional se recriou com estéticas electrónicas mais contemporâneas - casos do drum 'n' bass ou do techno mais minimalista. Para o encontro explosivo destas sonoridades, é de salientar o papel fundamental dos três homens da percussão, verdadeiramente imparáveis. Por sua vez, a guitarra eléctrica, seguida pelos teclados, proporcionou momentos de hard rock em que a cadeira era demasiado "confortável" para se estar...
De tudo, o que menos me entusiasmou foi mesmo a voz das senhoras que pontualmente surgiram ora como coro, ora individualmente. Um ponto negativo minúsculo em tão vasta qualidade!

Até para o ano!

Blood Sweat Drum´n´Bass Big Band at Roskilde Festival 07

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

directamente de Brooklyn para o dancefloor:

15 to 20, The Phenomenal Handclap Band

de um dos irmãos do Rei

(...) the sexiest prison break ever choreographed.
in Wax Poetics, nº 37, OCT/NOV 2009, Jon Kirby

Dynamite

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Amanhã

tem início o Guimarães Jazz, no Centro Cultural Vila Flor, estendendo-se até dia 21 deste mês. Se é a segunda vez que aqui falo deste evento, é porque deixou saudades!
A abertura cabe ao baterista Jimmy Cobb e ao conjunto formado por Wallace Roney, Javon Jackson, Vincent Herring, Larry Willis e Buster Williams e o concerto é nada mais nada menos que uma homenagem ao cinquentenário Kind of Blue de Miles Davis, a que fiz aqui uma breve referência há uns tempos.
2 good 2 be true!

Programa completo aqui.

sábado, 31 de outubro de 2009

uh uuh yeaah

I can't go for that (No can do)


... é o que apetece murmurar enquanto nos deixamos entrar nesta atmosfera de sensualidade... Um bom "funk de semana" para todos!

videoclip propriamente dito aqui.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

remember me?

Escutei ontem à noite a ser tocado por um rapaz que trabalha na RUC (Rádio Universidade de Coimbra) e logo lhe perguntei com os olhos muito abertos: o que é isto??
Fiquei entretanto a saber que esta faixa foi um dos grandes sucessos nas pistas de dança dos anos 90... o proverbial "grande malha!" tem aqui total aplicação.

Remember me... I'm the one who had your babies


(o clip também é muito bom)

este sábado, no Porto,

a rota da noite, para quem gosta de hip-hop, é muito simples: DEALEMA no Porto Rio e depois DJ Ride no Plano B (sendo que este último atrairá com certeza muito público além-hip-hop).
Vemo-nos por lá!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Para quando?...

Já há mais de dois anos que ando com imensa água na boca por causa deste projecto. E de cada vez que revisito o cheirinho ofertado ("Dá-me 1 Sinal"), o apetite é maior e maior. "Dá-me 1 Sinal" é uma faixa de produção refinadíssima (taaanta soul!) e onde Maze põe palavras de sedução com a simplicidade dos melhores "palavreadores".
Li, há uns tempos, no myspace do Ace (Mind Da Gap) que em virtude de um crash no seu pc, muita da produção discográfica em que andava envolvido foi ao ar. E nesse texto, a propósito dos ficheiros irrecuperáveis, Ace fala de um "álbum do Maze"...
Pergunta: foi o álbum dos SUB_VERSO? Se sim, o que é feito do projecto? Está a ser reconstruído? Vai chegar a ver a luz das montras? Quando? Em breve ou nem por isso?
A quantidade de perguntas é proporcional à vontade de correr em direcção a uma loja e devorar esse disco do princípio ao fim...

ADENDA: Numa segunda leitura do texto do Ace, registo que o álbum a que Ace se refere seria de Maze, sim, mas a solo. Ou seja, uma parte do texto acima perde sentido. Todavia, a parte mais importante (a central, na verdade), mantém-se: para quando o álbum dos SUB_VERSO? O que é feito?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

isto é muito bonito...



Uma das mais belas odes ao Hip-Hop (musical e filmicamente). Doce, doce, doce...

[Norah Jones:]
Life's filled with graaaay...
But now, it comes clean...
Leaves fall, awaaaaaay...
Hip-hop is playing again
And it's bangin, toooo...
Know it's bangin, for you...
Don't stop this feeling I feel...
I just wanna lay around all day
And feel the breeze upon my knees
I'm so INTO your rich history...
Tell me a story to taaaake me away...
Come and take meeeeee, ooooooh...
Come and take meeeeee with yooooou...

[Chorus x4: Norah Jones]
Life is, better
Now that, now that I found you
Life is, better
Now that, now that I found you

originalmente publicado aqui.

miles ahead of the game


Tão bom, na minha opinião, como o mítico Kind of Blue de dois anos mais tarde (1959).
Oiça-se New Rhumba (faixa 7 do disco).

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

3 filmes diferentes, 3 boas bandas-sonoras

A propósito de alguns filmes que se têm falado por aqui:

La Notte (Antonioni, 1961), por Giorgio Gaslini:


Blow-Up (Antonioni, 1966) por Herbie Hancock:



Chungking Express (Kar Wai Wong, 1994):



Música para todos os gostos: jazz, rock, pop, electrónica.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

hip-hop, streetwear, moda, Brooklyn

"Chioma Nnadi, style editor of New York-based music and fashion magazine the Fader, tells us how Brooklyn took over from the Bronx as the city's rap powerhouse and helped hip-hop style to become a major force in youth fashion".*

Porque o dito streewear está mesmo em todo o lado.... do mais chunga ao mais beto, do mais alternativo(?) ao mais banal. Acredito inclusive que o fenómeno é de tal forma planetário e curioso que dava pano para mangas a alguém que pensasse em fazer uma tese sociológica sobre o assunto.

*Com os devidos agradecimentos ao meu bro de Aldoar (também conhecido por Querido Chefe). :)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Seada

O Seada (pronuncia-se "sida"), além de mc, estudou na mesma escola que eu e rappou em palcos ao lado de amigos meus. A ele, pessoalmente, nunca o conheci. Apenas ao irmão, também ele um amante de música rap (props, Pipas!).
Quanto ao Seada, desde que descobri o seu myspace que me apaixonei pelos seus beats e pelos seus versos. Desde então que me vinha a interrogar: para quando o momento do justo reconhecimento deste mc no panorama do rap português? De quando em vez, lá aparecia ele em colaborações circunstanciais de myspace, em mixtapes muito underground, num ou noutro concerto. Parece-me que as atenções só agora nele se retiveram, com o clip que abaixo fica.
O que posso dizer é que fico muito satisfeito pelo hip-hop português poder agora conhecer em pleno um valor como este; e muito feliz por ele, que há tanto tempo anda no underground a produzir e compôr letras como poucos.
Parabéns!

Seada ft. Dino & DJ Nelassassin - Taxi! (faixa da compilação Best Off)


A propósito, a letra acima no clip nem é aquela, do seu repertório, que mais me agrada. Há outras coisas belíssismas, que podem ser encontradas no seu myspace. Fica um excerto da faixa "Quando produzo o meu jazz":

"Também tenho febre e escrevo
o meu diário cheira a novo
de páginas velhas a anos
à espera de ser estreado
poucos
foram os instantes
é frustrante tentar falar* de mim fluentemente
sabendo que nunca o fiz antes

Cabelo despenteado
uma mente genialmente estragada
num corpo atarracado
Genuinamente falso
porque eu quero ser feliz
obrigo-me a ser outro
para que gostem mais de mim

Talvez seja mentira
mas escrevo
pelo sim, pelo não
talvez um dia perca o medo
sempre foi o meu segredo
mas nunca o escondi
se fiz com que nunca me entendessem
foi porque nunca disse isto assim...

Eu nunca quis ser assim
sempre foi mais fácil
dizer de forma confiante
que tinha defeitos
e respondiam-me
"mas quem não os tem"?

ser o primeiro a confidenciar
com aquele ar desinibido de auto-controlo
que fica sempre bem...."

(Métrica construida livre e descomprometidamente por mim e que, por isso, não corresponde à original. Se falo pela segunda vez nesta questão, é porque, de facto, considero fundamental esse aspecto para a estética e para a própria fonética do poema).

* Não estou certo quanto ao termo "falar".

sábado, 3 de outubro de 2009

provedor do leitor

Neste site (a que cheguei por via de links e mais links), na secção "Blog", aparece o artigo "Onde anda?" como "escrito por Sin" no dia 2 de Junho. Mais abaixo, quando se clica em "Read full article", vem-se dar aqui, ao SS.
Não sei quem é "Sin" (apenas que escreve nesse site), nem quem gere o site. O que sei é que o texto é da minha autoria, publicado aqui dia 29 de Maio.

"velhos querem ser novos, novos querem ser velhos"

José Mário Branco disse há uns tempos que tinha sido ele "o primeiro rapper português".
Vitorino afirmou que se hoje começasse a fazer música, seria rap.

Hoje soube pelo blog do Valete que o seu próximo disco (Homo Libero) terá a colaboração de José Mário Branco. Esse mesmo.
O rap português só pode estar em festa... e a música portuguesa idem!
Espero que este seja o início de um longo caminho de colaboração entre uns e outros.

A Palavra. Em português.
Esse é o caminho!

tell me how


Anda nas bocas do mundo (leia-se do meio blogosférico) e não é a despropósito.
How I Got Over é o novíssimo álbum dos The Roots com data de lançamento para este mês. Depois de Rising Down (2008) - disco que pessoalmente não me me agradou particularmente, como podem constatar aqui - o single "How I Got Over" promete o regresso a um registo mais próximo de álbums memoráveis como Organix (o primeiro da banda, em 1993) ou Do You Want More?!!!??! (1994).
Com este seu nono (!) álbum, os The Roots consolidam-se como uma das bandas mais prolíficas de sempre na história do hip-hop. Aliás, mesmo comparativamente com MC's a solo, não são muitos aqueles com nove discos no cartão de visita - muito menos nove discos com a qualidade dos deste pessoal de Philadelphia. Pois bem... venham mais e mais! :)



P.S.: Alguém sabia que o Black Thought (também) cantava? E que bem que ele canta...

Tão longe, tão perto

A primeira vez que ouvi esta letra foi sob a forma de spoken word, num dos clips gravados no festival Silêncio!, em Lisboa. Fiquei estonteado...
Há tempos, descobri-a no myspace do Sam. Aqui fica.



Como uma música nos pode dizer tanto...

Eu já não penso tanto, fica nesse canto
enquanto eu bazo a procurar um vaso em que eu plante
um amor distinto com afecto mesmo estando distante,
ela diz que ama ao longe, de perto não me diz tanto

(...)

Quem é que nos induz a querer saber quem usa quem
desde que eu compus a "Musa" não há ninguém que seduza bem
tou a dar pala, agora a gente quando se cruza nem
se fala nem se fila nem se rala nem se tem
um clima calmo, um clima sem
novela, foi o que eu senti nela
uma indiferença falsa que era sentinela

Podia ser actriz, como a Beatriz
porque ela afasta o meu dedal mas chega ao final e diz
"Não me deixes!"
Amor, não te queixes,
"Amor, não me beijes!"
mas amor, não te vejo...

(...)

nota: A métrica original não é provavelmente esta, nem fui eu que a modelei ao transcrevê-la para aqui (salvo algumas transformações, como acrescentar aspas e uma ou duas vírgulas). Foi simplesmente a que consegui encontrar neste sítio. Isto para dizer que a métrica aqui presente, além de não corresponder à música cantada, não é esteticamente a melhor. Longe disso.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

o que a casa gasta (II)


One Day It'll All Make Sense (1997) era um dos poucos discos de Common (é neste disco que retira "Sense" do nome artístico, por questões legais de direitos de autor) que não conhecia. Fui até ele conduzido pela grande-entrevista do mesmo à revista Hip Hop Nation espanhola de Agosto.
Pois bem, o título deste post diz tudo: é mais um excelente álbum de hip-hop e mais um excelente álbum de Common. Beats de boom-bap clássico adocicados com samples (de Roy Ayers ou Stevie Wonder, por exemplo) de soul e jazz e um rap social consciousness a que Common já nos tinha habituado com Can I Borrow a Dollar? (1992) e Ressurection (1994), autênticas masterpieces na história do hip-hop. Este One Day It'll All Make Sense, na minha opinião, não lhes fica muito atrás.
Momentos altos deste disco: "My City" (spoken word), "All night long" (com Erykah Badu), "1'2 Many", "Invocation" ou "Real Nigga Quotes". Convidados de luxo: Black Thought (The Roots), Erykah Badu, De La Soul, Lauryn Hill, entre outros.
Sobre Common, tudo o resto é já conhecido por quem visita esta rua: é um dos meus músicos (e não apenas rappers) predilectos.

Invocation

sábado, 26 de setembro de 2009

falar (a brincar ou a sério?) de coisas sérias



Como entendo o Chris Rock...

(retirado descaradamente daqui)

o que a casa gasta


Rave Un2 The Joy Fantastic (1999) não será o melhor disco do Prince, mas com certeza não é também o "falhanço" que muitos dizem ser. A ementa é a mesma de sempre: funk, rock, disco, hip-hop e, aqui e ali, umas baladas melosas (algumas boas, outras nem por isso) para não deixar desiludir os mais lamechas. As letras também não são novidade: ousadas, descomprometidas, intimistas de quando em vez.
A questão é que esta aparente "ausência de novidade", em Prince, não funciona em seu desfavor. Pelo contrário. Tudo somado, o resultado é o mesmo de sempre: um álbum cool. Mas como sabem, sou sempre suspeito para falar de Prince porque, também como já disse por aqui, de todos os seus discos que conheço (e são tantos...!) gosto de todos e de cada um. Digo "suspeito" porque reconheço que já não é tanto uma avaliação rigorosa, autónoma e minuciosa de cada um, mas uma apreciação de um percurso e de uma aura no seu conjunto. E aí Prince é um dos últimos referentes icónicos da música popular do século XX. Goste-se ou não.
A minha música preferida deste álbum é a "Pretty Man" (that fuunky shit!!) mas infelizmente não a consigo encontrar no youtube. Ficam estas três, que traduzem bem o constraste entre o registo explosivo do funk/hip-hop (as primeiras duas) e o r'n'b melífluo (última).

Undisputed (com o rapper Chuck D, dos Public Enemy)



Hot Wit U (com a rapper Eve)



The Greatest Romance Ever Sold

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

dúvida do blogger da rua

Quando o Street Scriptures começou a tocar os primeiros discos (Julho de 2008), recordo-me que os primeiros comentários chegaram de uma leitora cujo nome de blogger era "Sininho". Lembrei-me disto há dias. Por curiosidade, pergunto: Sininho, ainda andas por aí?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

scratchar horizontes


Que DJ Ride é já um astro na música portuguesa da actualidade - mesmo que passe ao lado de muita gente cuja bagagem exigiria outro tipo de atenção e consideração - não é novidade. Que DJ Ride vai marcar a música portuguesa nos próximos 10 ou 20 anos - confiando que ainda não vai ser em 2012 o the big end - idem. Mas o que é mesmo novidade, e é isso que pretendo trazer para aqui, é o que Ride trouxe aos pratos (ao turntablism, se preferirem), às mesas de mistura, às mpcs (aos beats e aos samples, portanto), aos sintetizadores, aos pianos, aos saxofones, às guitarras eléctricas e, claro, a esse delicado e refinado dedilhado no vinyl - o scratch.
Juntando tudo isto, Ride é muito mais do que um "disc jockey": Ride cria música em directo, enquanto actua em palco. Ora um dos mais preciosos instrumentos (Ride faz questão de lhe dar este epíteto) nesta criação no momento é justamente o scratch, que lhe permite criar interlúdios, fazer transições, sugerir quebras mais ou menos abruptas, ou simplesmente “rasgar” em cima de uma melodia. E é aqui que quero chegar.
Ride, em entrevista no nº 2 da Freestyle - revista portuguesa bimestral dedicada ao Hip-Hop - acusa os produtores e djs que hoje utilizam o scratch na composição, de o fazerem como se fazia há 10 anos atrás. Especialmente no Hip-Hop, diz Ride.
A afirmação - mais do que confirmar um espírito iluminado - tem toda a razão de ser. É realmente incrível como muitos produtores e dj's de Hip-Hop continuam a fazer scratch tal e qual se fazia na golden age dos 90's - o mesmo é dizer, tal e qual o scratch do Premier, do Pete Rock, do Large Professor, entre outros. Mas fundamentalmente do Premier. Qual é a fórmula, então? O clássico - assim cronologicamente: beat; refrão (normalmente um sample de soul ou meia dúzia de dicas de rappers oldschool) com scratch; beat; e scratch a terminar em cima do beat, pegando noutra meia dúzia de punchlines poderosas. E "tá feito"! Não que soe mal. Nada disso! Eu continuo a ouvir e a abanar a cabeça! Mas do que se trata aqui, e é nesse sentido que entendo e dou razão a Ride, é uma questão de inovação, de originalidade, frescura.
Ride, a par de outros produtores e dj’s em países diversos, levou o scratch muito mais longe. Fez dele, de facto, um instrumento, instrumento esse que será uma marca, arrisco eu, de muita da música que ainda está para vir. Desde que utilizado, claro está, como Ride o faz: sem limites.
E é também por isso que Ride faz música muito para além do hip-hop: o hip-hop é só mais um dos felizes contemplados - juntamente com o funk, a electrónica, o rock e outros - nesta roda, não da sorte, mas do talento e do mérito.

Ride on!


Sobre DJ Ride, ver, por exemplo, aqui.

domingo, 20 de setembro de 2009

como eu gosto


Para quem gosta do jazz mais arrumadinho, melódico e menos dado às efusões individuais - não necessariamente harmónicas - dos músicos de conjunto expressas nos ditos free ou avant-gard jazz, Poinciana (1963), do pianista Ahmad Jamal, é um álbum formidável. Para quem aprecia essas outras modelações, o álbum não deixará de soar bem, porque o que está ali não é outra coisa senão jazz. Do melhor que há.
Suave, delicado, doce... jazz como eu gosto! E por aqui se percebe como eu sou bem conservador no que toca a apreciar jazz.

Poinciana

(composição que não corresponde, creio, à versão presente no álbum)

sábado, 19 de setembro de 2009

música para dar em doido



... não por ser de má qualidade, mas por ser, ela própria, doida.
Electrónico, surrealista e imprevisível. Talvez por isso seja este álbum a banda sonora de um filme - Liquid Sky (1982) - cujo enredo vem descrito no IMDB da seguinte forma:

Invisible aliens in a tiny flying saucer come to Earth looking for heroin. hey land on top of a New York apartment inhabited by a drug dealer and her female, androgynous, bisexual nymphomaniac lover, a fashion model. The aliens soon find the human pheromones created in the brain during orgasm preferable to heroin, and the model's casual sex partners begin to disappear. This increasingly bizarre scenario is observed by a lonely woman in the building across the street, a German scientist who is following the aliens, and an equally androgynous, drug-addicted male model. (Both models are played by Anne Carlisle, in a dual role.) Darkly funny and thoroughly weird.

Ainda não percebi se fiquei com vontade de ver o filme depois do que li. Acho que me vou ficar pela música...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

a palavra a quem sonhou e concretizou (ainda a WP)

Torres' manifesto was not only to shed light on funk, soul, and jazz, but to illuminate the symbiotic and historical relationship between those genres and contemporary hip-hop. Wax Poetics regularly features seminal artists like David Axelrod or Bob James, unveiling the stories behind the people and music that have provided both a cultural framework for hip-hop to evolve, and the sonic backbone for crucial elements like breakbeat.

"We dibble-dabble in the new and the old," Torres told Current TV. "Young people come to this older music; it's through hip-hop. It's hearing someone sample something and saying, "Oh, yo, I gotta find that record that Primo or Dr. Dre or whoever used on that track. It's like a time-machine. You use hip-hop to travel back and pick up on everything that's happened before."

sonho


... era ter em mãos uma publicação de excelência sobre música negra. Hmmm, porque não juntar... deixa cá ver: talvez jazz? A soul e o funk juntos, pois claro. E hip-hop? Que delícia seria. E que tal cruzá-los, intersectá-los? E, já agora, o que achar da ideia de contar para isso com colunistas e repórteres de pensamento eclético e sapiente, rejeitando assim, inteligentemente, visões herméticas ou reducionistas de um género musical?
Já tinha ouvido falar na possibilidade da concretização material desse sonho. Já tinha inclusive vislumbrado esse menino-jesus em artigos e excertos avulsos na web. Mas nada como ver o sonho ganhar forma ali mesmo, à nossa frente, num balcão de uma papelaria, com um rapaz atónito perante tal entusiasmo ("Sim, costuma vir sempre, como já lhe disse...").
Sonho é ter a Wax Poetics na mochila!

A parte chata é ser difícil arranjá-la.
A parte menos chata é arranjar um contacto fixo da papelaria para assegurar a revista assim que esta chegue (com os devidos agradecimentos a quem me informou - obrigado, Zé!).

a primeira vez em 1967

... de Jimi Hendrix e de Jimmy Cliff.
À parte o brilhantismo, a mitificação e a data da lançamento dos álbums, outra coisa em comum: o despertar para uma carreira inigualável na história da música.
Imperdível!

Are you Experienced?


Hard Road to Travel

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

"What is a DJ if he can't scratch?"


... é umas das tracks mais poderosas de On the Nile (1984), álbum de estreia de Egyptian Lover. Foi com ele e com outros como Arabian Brother ou, claro, Afrika Bambaataa (Planet Rock também data de 1984), que o Hip-Hop começou a ganhar forma, a partir dos contornos electrónicos dos então (e hoje!) super-inovadores Kraftwerk.
Deste disco sente-se o electro com beats muito vigorosos, os primeiros synths a darem o ar da sua graça, orgãos psicadélicos, scratchs abusados e, de quando em vez, Egyptian Lover a rappar, quase sempre num discurso sexual e de "come on, let's party". Nota-se que a componente sonora ainda se sobrepunha aqui à do rap. Na verdade, a cena electrónica era aqui a novidade e assumia papel central. Só uns anos mais tarde, com a redução dos bpm e com o papel do MC a tornar-se tão central como o do DJ, é que passamos a encontrar discos de rap dito "clássico" - era o aparecimento dos De La Soul, os EPMD, os NWA, os Beastie, os Boogie Down, entre outros. Embora, é certo, com tonalidades sonoras diferentes - entre a cena jazzy dos De la Soul, os beats duros dos EPMD e dos NWA ou o punk e o funk dos Beastie vai uma distância estética assinalável.

Este disco vale, a meu ver, não tanto pelo seu valor histórico - como precursor do Hip-Hop ou de outras correntes psicadélicas mais ou menos electrónicas [oiço neste momento "I Cy (night after night)" e lembro-me de Prince] - mas sim pelo seu valor autónomo, dentro do género electrónico. É uma verdadeira bomba oldschool, entre o dark e o surrealista, e óptima para dançar.

Egypt, Egypt


What is a DJ if he can't scratch?


My House


Girls

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

hot thing (de volta)

e para fechar as férias de verão na rua.
Não é a "Hot Thing" do Talib Kweli, mas é algo ainda mais quente. E mais antigo.
Deixo aqui uma pedrada de funk, hip-hop e pura dance music do final de 80's. A todo o disc jockey que o passe numa festa, o meu agradecimento!

E agora é tempo de voltar!

1. "Rollin' with Kid 'n Play" - 4:01
2. "Brother Man Get Hip" - 3:43
3. "Gittin' Funky" - 4:41
4. "Soul Man" - 3:31
5. "Damn That DJ (The Wizard M.E.)" - 3:28
6. "Last Night" - 4:23
7. "2 Hype" - 3:57
8. "Can You Dig That" - 3:27
9. "Undercover" (feat. The Real Roxanne) - 3:38
10. "Do the Kid 'N Play Kick Step" - 4:02
11. "Do This My Way" - 4:46

Rollin' with Kid 'n' Play


2 Hype

sábado, 15 de agosto de 2009

a rua

está sossegada por este mês de Agosto.
Voltará a aquecer mais lá para o fim!

Até lá... boa música!

(como esta que estou a ouvir)

sábado, 25 de julho de 2009

Para quem não gosta


do Enter the Wu-Tang (36 Chambers) dos Wu-Tang (o meu caso, é verdade!), mas aprecia a sonoridade do albúm em geral, nada melhor que o disco Enter the 37th Chamber (2009), da autoria da banda El Michels Affair. Jazz, soul, funk e muita melancolia numa cover em registo orgânico e puramente instrumental desse mítico albúm dos W.
Beautiful!







o rap de Caetano

Com os devidos agradecimentos a terceiros. :)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

"fonky"!


e muita soul, também.
Dela disse James Brown - segundo wikipedia, amazon e outros - ter sido a melhor cantora com quem já tinha colaborado.
Disco que reúne uma série de inéditos das décadas de 60 e 70.

You're welcome, stop on by (com Bobby Bird)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Freestyle Love

Os brasileiros Stereo Maracanã estiveram há dias na FNAC do Gaiashopping. Apesar de não ter ido ver, fiquei curioso com a descrição da banda (presente na Agenda da FNAC):

"Stereo Maracanã é considerada uma banda prodígio no cenário carioca. Ao longos do anos a banda tem-se destacado em várias colectâneas musicais. O som do grupo tem influências da música de capoeira e da black music, caracterizando-se pela experimentação musical em estúdio onde misturam bases electrónicas com beats de hip-hop e muita eprcussão. Actualmente a banda prepara a apresentação do novo albúm Mentalidade Safari e estará em tournéé na Europa em Julho".



Faz lembrar o Big Willie Style!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

do it with love

Miki an Larissa Sirah performing Tu es mit Liebe live @ Opus1 Düsseldorf, Germany (2007)


Também foi assim na Casa da Música!

domingo, 19 de julho de 2009

miki e o hip-hop

Pois a coisa correu muito bem!
Só não digo "não podia ter corrido melhor" porque como já é do conhecimento geral, o Sam, doente, faltou à chamada. As melhoras e os parabéns atrasados!
Agora o acontecimento: foi um espectáculo brutal.
Tudo muito coordenado: rappers, coro (Dino, Marta Ren, Larissa, Marta e New Max, este último entrecortando com momentos a solo) e orquestra perfeitamente sincronizados nas entradas de cada um e no modo como deixavam ouvir mais o outro quando a harmonia assim o exigia.
Um NBC abnegado e entusiasmante como sempre e um autêntico monstro em palco: Larissa. Possuídora daquela melosidade tão cara às senhoras da dita neo-soul norte-americana (vide Erykah Baduh, N'Dambi, Jill Scott, etc. etc.), espalhou talento e sedução. E depois era um mulherão daqueles...
Mas o destaque maior tem que ser prestado justamente ao cérebro por detrás de todo o projecto: Miki. Havia de dizer o Maestro convidado no final do espectáculo, a propósito de Miki: "he's the easiest guy to work with". E foi essa a primeira impressão que tive depois de ouvir as suas palavras assim que entrou em palco. Bem-disposto, humilde e empolgadíssimo, rappou, tocou o violino (o seu instrumento de eleição), juntou-se aos coros de Dino, New Max e Larissa e ainda teve tempo para pôr o público a mexer. Inspirador!
Ouviram-se beats portugueses (New Max, Sam the Kid), os Fugees foram interpretados a solo pelo violino de Miki (Ready or not), e, já no fim, Doggy Dogg World (corrijam-me se errado estou) do Snoop ("You know this!", dizia o Miki) trouxe boas memórias. Tudo interpretado pela Orquesta Nacional do Porto a par com uma live band alemã trazida por Miki.
O encontro entre o flow do rap e a potência de uma sonoridade que talvez só mesmo uma Orquestra Sinfónica consegue produzir, foi arrepiante. O resultado foi um som muuuito cool, atraente para novos e graúdos. O prazer de ver o NBC a escutar atentamente a orquestra era exactamente o mesmo de observar um dos contrabaixistas da orquestra a abanar a cabeça ao som da bateria que acompanhava os rappers. E o mesmo dei conta nas pessoas (tão diferentes todas elas!) que a meu lado iam apreciando o espectáculo...

Lições a tirar:
O Hip-Hop é o que os seus artistas quiserem fazer dele. Absolutamente. Esperemos que a originalidade que tantos rappers reclamam, também se traduza em ver um pouco mais longe, fora de lugares-comum do que é real ou verdadeiro. Estou, perdoem-me a expressão, a cagar-me para o que isso é. Cada vez mais é paradigmático que quem faz bom rap é quem não perde tempo nesses discursos ocos e circulares. Boa música é boa música. Façam-na! Com pcs, auto-tunes, mpcs, beats, tarolas, bombos, sintetizadores, guitarras, pianos, oboés, xilofones, reco-reco, tanto faz.
É em artistas como Miki que o Hip-Hop e a música em geral têm tanto a ganhar. Porquê? Porque quando não se colocam limites prévios (e cegos) à criação, os resultados podem ser extraordinários.

Danka, Miki!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

provocando uns e outros

Estou muuuito curioso por este Hip-Hop Sinfónico de amanhã!
Para saber um pouco mais, veja-se a interessante entrevista de Miki, reputado produtor alemão de hip-hop e coordenador de todo o projecto, à revista institucional da Casa da Música. Tinha sublinhado uma série de frases que queria deixar aqui, mas entretanto não sei onde pára a revista. Debruçavam-se sobre as inevitáveis querelas entre puristas, quer de um lado (música clássica), quer do outro (hip-hop). E já todos sabemos onde está a virtude...
Pelos vistos, esta experiência - no mínimo arrojada - já foi levada a cabo pelo mesmo Miki na sua terra natal, quando juntou uma série de rappers alemães e a Orquesta Nacional de Berlim (se não me engano). Os elogios foram muitos... e dos dois lados.
É ver para crer!

Orquestra Nacional do Porto
Rappers portugueses presentes: Sam the Kid, NBC e New Max (embora este último porventura mais conhecido pelos dotes na produção).
Outros: Ono.
Arranjos e coordenação: Miki.

ADENDA:
Acho que isto é daquelas coisas que pode correr muito bem ou muito mal. Que corra muito bem, pois! :)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

à atenção dos mais interessados:

Trava-se uma interessantísisma discussão de ideias no Hipop Kulture, mais precisamente nessa secção de comentários, a propósito de outsiders e insiders que escrevem sobre hip-hop.
Gostaria de dar a minha opinião, mas reservarei a mesma para quando tiver o tempo necessário para fazer uma reflexão sobre um assunto tão delicado como o que está em cima da mesa. De momento, dizer apenas que inteligentes e sensatos têm sido comentários como estes:

Não sei como é que o Mário Lopes do Ipsílon e o seu distanciamento podem ser um bom exemplo. Ele escreve bem, muito bem, fluidamente, eloquentemente, adjectivadamente, o problema é que por vezes ler um texto sobre hip-hop e depois ler outro sobre teatro é a mesma coisa. Isto para um ouvinte de hip-hop.
Quanto à questão de ser insider ou não ser, é como tudo no jornalismo. Há generalistas e especialistas, e todos são importantes. Dizer que ser "outsider" é melhor que ser "insider" é tão absurdo como dizer o contrário. Um especialista pode dar bastante jeito em muitos casos, bem como alguém com mais distanciamento mas com boa capacidade de investigação e transmissão de ideias pode de facto fazer um trabalho de excelente qualidade.
devo dizer também que capacidade de investigação e de análise, curiosidade e abertura ao exterior, são capacidades muito mais importantes do que ser apenas bom "escriba". Isso não é jornalismo, apesar de portugal ser fértil em jornalistas bons escribas mas férteis em dogmas. Na imprensa musical, esse "distanciamento" não é sinónimo de melhor qualidade ou abragência, porque eu sei sempre de que artistas/álbuns vão falar. Por isso, ler os especialistas do H2Tuga compensa, e muito.

Mano J.



E especialmente este:

Não elogiei a escrita em si (que, no caso de alguns insiders, é muito má) mas a capacidade de avaliar musicalmente um projecto. A maioria dos insiders só ouve hip-hop (pouco mais) e não têm sensibilidade para avaliar um projecto musical. Não sabe puto de história da música. Isso é importante. Muito importante. Afinal o hip-hop é também um estilo musical e, apesar de ter as suas características próprias que o distanciam de outros estilos, tem de ser avaliado enquanto música.
(autor anónimo)

Este bold é meu. E faço destas palavras minhas.

terça-feira, 14 de julho de 2009

stand by

A rua tem andado adormecida porque um dos seus transeuntes habituais tem andado ocupado com compromissos académicos (leia-se exames).
Assim que a disponibilidade for maior, a rua vai voltar a abanar!

Até lá, proceed!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Pergunta-se


neste blog por que motivo ninguém fala do Statik Selektah.
E, se me permitem, pergunto eu da minha parte: por que motivo ninguém fala do Godfather Don e do The Nineties Sessions (2007), que foi só um dos melhores discos de hip-hop americano nos últimos anos?
Mistério...

(comentei brevemente este disco o ano passado, quando o descobri)









quarta-feira, 8 de julho de 2009

domingo, 5 de julho de 2009

Eu Não das Palavras Troco a Ordem



Já não comprava um disco de hip-hop português que me desse tanto prazer de escutar como este. Aliás, já não comprava um disco de hip-hop português há bastante tempo.
Nerve é um caso sério. Nos poesia, na métrica cantada da mesma, nos beats, na interpretação pessoalíssima com que modela as palavras e as respirações (quase que o vemos a gesticular mesmo à nossa frente), no negrume cínico e imprevisível (e depressivo, claro) que é transversal a todas as faixas do disco.
Uma vez que antes de ir comprar o disco, já tinha ouvido umas coisas na net, fiquei excitadíssimo quando vi na capa "INCLUI LETRAS DAS MÚSICAS". Excitadíssimo e, ao mesmo tempo, surpreso, pela transparência de alguém que põe na sua música palavras tão cruas.
A surpresa desfez-se. As letras vêm redigidas num complexo sistema de inversão que as tornam ilegíveis. Mesmo agora que já descobri o caminho lógico para as decifrar, acabei por me decidir a não fazê-lo, quase num respeito íntimo para com o autor.
Para mais, esteticamente falando, Nerve salta anarquicamente o campo do hip-hop com uma produção não raras vezes puramente experimental, louca, desconcertante. Para trás e para a frente, dá voltas e voltas numa sonoridade eclética e estranha q.b., sem nunca cair, todavia, nos minimalismos chatos ou monótonos da música experimental mais frequente nos dias de hoje. É rap, é indie, é spoken word, é electrónica, é tudo isto mais os rasgos excêntricos de um jovem da minha idade (creio) com uma caneta endiabrada...
Este é um grande, grande disco e de impacto ainda desconhecido para a música portuguesa, arrisco eu.

"Nunca fales com estranhos!"
Não falo, está prometido!
(...)
Ei, eu sou estranho e ninguém quer falar comigo...






quinta-feira, 25 de junho de 2009

de luto



e em choque.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Chief Rocka

Como já houve quem acertasse, sinto-me na obrigação de deixar o clip. Isto porque falar da "Chief Rocka" e não ver o clip é separar duas realidades incindíveis. Se o beat é fantástico, o flow idem, os scratchs idem e tudo idem, a verdade é que este clip é dos melhores clips que eu já vi na cena rap.
"Chief Rocka" data de 93 (90's, pois claro!), incluída no albúm Here Come the Lords, onde figuram outros clássicos comos "From da Bricks", "Funky Child", "Keep it Underground", "Check it", "Grave Digga", "Here come the Lords" ou "Mad Skillz".
Para apimentar a coisa, os LOTU (Lords Of The Underground) abanam-se com tal pica (eu diria que é um flow "físico"!)que quem fica com vontade se abanar somos nós. É o que eu sinto, pelo menos, sempre que vejo este clip...

going undegrouuund...


I got, too much soul, rhythm and blues
R&B ya see, all that's cool, but
hip-hop and rap yeah that's where my heart's at!

rap quiz 2:

"Hip-Hop and Rap yeah that's where my heart's at!" é um verso famoso samplado por inúmeras vezes, especialmente sob a forma de scratch. Nomeadamente, lembro-me agora, na primeira faixa do (grande) disco Outside the Pyramid, do português Rocky Marsiano.

De quem é a frase?

Não vale wikipédia :P

terça-feira, 23 de junho de 2009

rap quiz:

Quando o Fred Durst, nos Limp Bizkit, na música "Take a Look Around", diz:

Follow me into a solo
Remember that kid?
So what you wanna do?


A quê ou a quem se está ele a referir com "Follow me into a solo"?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Eu Não das Palavras Troco Ordem

E pronto, agora tou a ouvir o E.N.P.T.O. do Nerve e dou novamente razão ao cantautor.
Faz-me lembrar Atmosphere. Sou só eu ou disse uma banalidade do caraças?

Em breve deixarei duas opiniões sobre os Monstro Robot e o Nerve.
Estou como um menino que descobre as maravilhas de um novo lego.

Festival do Silêncio



De 18 a 27 de Junho, Lisboa será palco de um evento em torno da palavra dita: o Festival Silêncio! Trata-se de um evento internacional dedicado às novas tendências artísticas e novas expressões urbanas que cruzam a música com a palavra: dos concertos à poetry slam, dos debates às conferências, dos audiolivros às leituras encenadas e aos espectáculos transversais e de spoken word.

Rodrigo Leão, José Luís Peixoto, Olivier Rolin, Adolfo Luxúria Canibal, Rogério Samora, JP Simões, Francisco José Viegas, Sam the Kid, Jorge Silva Melo, DJ Ride, Filipe Vargas, John Banzai, Mark-Uwe Kling, Maria João Seixas, Alex Beaupain e Wordsong, entre muitos outros, para que Lisboa dê lugar à palavra, aceitando o silêncio quando ele se impõe.

Promover encontros entre poesia, música e vídeo, reunindo alguns dos mais conceituados artistas portugueses, franceses e alemães. Debater o futuro de novos suportes como o audiolivro convocando escritores, jornalistas e editores. Dar a conhecer as mais recentes tendências artísticas nesta área é o objectivo do Festival Silêncio!

Queremos que a palavra passe e puxe a palavra!



E ainda:

Absolut Poetry : Concurso / Torneio de Poetry Slam
Musicbox, 26 Junho 22h30

Considerado uma das mais recentes e cosmopolitas tendências da noite das grandes capitais, o Poetry Slam tem alcançado enorme sucesso nos bares de Berlim, Nova Iorque, Paris ou Londres. O conceito é simples: basta escolher um tema, tratá-lo de forma crítica e espirituosa, adicionar algumas rimas e declamá-lo de forma dramática no espaço de três minutos no palco de um clube. Emblema da cultura urbana, este novo movimento dá primazia à palavra e aos poetas e convoca todos aqueles que queiram exprimir e transmitir a sua arte através da palavra dita.

Inscrições para o concurso de Poetry Slam adiadas até dia 19 de Junho

Devido à grande afluência de inscrições, a equipa do Festival Silêncio! decidiu prorrogar as inscrições do 1º concurso de Poetry Slam em Portugal até a próxima sexta-feira, dia 19 de Junho.

Inscrição para a pré-selecção através do formulário abaixo– envio até 19 de Junho (inclusive)
Júri composto por Ana Padrão, Fernando Alvim, José Luís Peixoto, Rui Zink, Vitor Belanciano e mais 1 convidado a confirmar.
Mestre de Cerimónias : J.P. Simões

sexta-feira, 12 de junho de 2009

be my guest

Estarei hoje a passar música no bar Rádio, na ribeira, em frente à Alfândega.
Muito funk, breaks, disco, 70's e 80's.

chill!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ele esteve cá


... no Porto mas eu não pude ir.

Presto aqui, todavia, o meu tributo a um dos maiores produtores de sempre da cena dub, autor de melodias lindíssimas como esta:

Beyond the realms of dub


Em 82 e hoje... "Dub me crazy"!!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Who's that kid??

Há uns tempos, o cantautor à paisana alertou-me para o talento de um tal Stray (a ignorância é minha, peço perdão).
Tenho a dizer que estou neste momento a ouvir a mixtape dos Monstro Robot e estou completamente abananado com o citado Stray. No melhor sentido possível.
Assim que ouvir todo o registo, deixarei uma apreciação mais reflectida.

Para já, resta-me dizer que já não ouvia nada com tanto atrevimento, excentricidade e originalidade há muito tempo.


ERRATA: Trata-se de um albúm e não de uma mixtape.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Funky Funky New Orleans


Disco do cantor e pianista americano Eddie Bo com o funk de New Orleans dos anos 60 e 70.
Luminoso! Para quem gosta de dançar está aqui a aula toda...

Getting to the middle (reconheço este baixo não sei de onde)

Vamos!

Petição do Movimento pela igualdade no acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo aqui

segunda-feira, 1 de junho de 2009

provedoria

Folheava eu o nº2 da Freestyle (acabadinha de sair hoje) quando dei conta, na página "E-MAIL" (correio de leitores), de um texto por mim escrito.

Quando eu enviei um e-mail com esse comentário para a Freestyle, não foi nunca minha intenção que ele fosse publicado. Aliás, essa circunstância nem sequer me passava pela cabeça. Enviei-o como mensagem de ânimo para os responsáveis pela revista, como também terá feito muito boa gente. Eram pois palavras de entusiasmo apenas para os directores/redactores/colaboradores.
Nunca recebi uma resposta, o que até estranhei.
Mas afinal, porquê tanto alarido? Simplesmente porque gostava que me tivessem perguntado se o podiam publicar. No nº1, apelavam a que os leitores deixassem sugestões, comentários, etc, sem explicitar que estes seriam publicados. Foi o que me apeteceu fazer. E cheio de boas intenções!
Isto tudo porque o texto tem algumas informações pessoais que eu gostava que não fossem do conhecimento público. Por absolutamente nenhuma razão em especial, mas simplesmente porque sou cioso da minha privacidade. E, como já disse, a Freestyle podia e devia ter-me perguntado antes se poderia publicar o texto.

Mas bem, já enviei um email para a Freestyle a dar conta da minha posição e fica tudo sanado.

De resto, tenho a dizer que este nº2 está muito melhor que o nº1 (que também já era bom, embora primasse por alguma insuficiência de texto): muitos artigos escritos (grande cena a ida ao Bronx!), muitas e variadas entrevistas com personalidades de interesse, fotografia porreira. Estão, mais uma vez, de parabéns! Um grande big up para toda a malta que se entrega com dedicação a trazer-nos a cada 2 meses uma nova revista! O caminho agora é sempre a subir.

E agora para desanuviar, e também para condizer com as temperaturas, aqui fica um funky joint:

Poor Righteous Teachers - Rock dis funky joint [do albúm Holly Intellect (1990)]

sexta-feira, 29 de maio de 2009

nota:

Agora que releio o texto abaixo escrito, vejo que este prima por um angustiante saudosismo.
Assim sendo, queria esclarecer que não obstante uma descida generalizada da qualidade da poesia no rap, continuam a subsistir e a aparecer coisas novas lindíssimas. E a primeira que me vem à cabeça está em Lisboa.
Chama-se Sam the Kid.

Onde anda?

Dizia o Chullage no seu último concerto no Porto que hoje se ouvem beats cada vez mais fortes e mais espectaculares, o que deixa cada vez menos espaço (em termos de tempo e também em termos de audibilidade) para se ouvir o mc. Acrescentou ele que isto não era inocente: "é porque hoje são cada vez menos os rappers com alguma coisa para dizer". Foi qualquer coisa como isto.

E é um facto.
Lançam-se hoje discos onde os beats são cada vez mais, como se diz na gíria, xpto. E, pior, na grande maioria dos casos, o xpto não é bom. É mau, foleiro.
Eu não sou nenhum purista, se for essa a acusação. Longe disso! E tenho raiva a quem é! Para ser franco, nem sei muito o que isso é... Aprecio muitíssimos novos rappers e produtores. Tanto perco a cabeça com uma cena de um Premier ou de um Pete Rock como de um Alchemist, de um Vadim ou de um J-Live. E isto esqueçendo tantos e tantos outros como Madlib, J-Dilla, Tonk, 9th Wonder e por aí fora...
Agora que é indesmentível que o espaço para o mc começa a ficar atrofiado, isso é. Se por culpa dos produtores pelos beats demasiado cheios que fazem ou dos rappers por terem pouco para dizer (ou se têm, por ser vulgar e liricamente pouco criativo), isso não sei ao certo.
O que eu sei é que o Premier fazia beats largos, abertos, escancarados, para o Guru (no caso dos Gangstarr) ou qualquer um rimar à vontade. O que eu sei é que os A Tribe Called Quest só precisavam de um simples boom-bap funky para fazer autêntica poesia:

The beat is over and so is the night
The sun is risen and the shine is bright
We all say peace and go our separate ways
Youth is fading as we gain our days
Expedition for the song is simp'
The hours creep, excuse me, I mean limp
As we go you hear a gasp of laugh
As we start up our rhythmic path


"After Hours", A Tribe Called Quest

Onde anda a poesia no rap?

A poesia, sim. E não meia dúzia de palavras, mormente de frontin', atabalhoadamente encaixadas nuns desgostosos versos.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

(extra) Large


Se já apreciava o trabalho de Large Professor na produção de grandes beats para rappers como Nas ou o Jay-Z, desde que tenho conhecido os seus discos em nome próprio que me tenho deliciado com a qualidade deste veterano.
The LP (1995) foi o primeiro; e a seguir vem o 1st Class (2002), disco que estou neste preciso momento a ouvir.
A produção é das mais heterógeneas que já apalpei: é boom-bap, é jazzy, é hardcore, é electrónica, é oldschool, é newschool,... é BOM! Muito bom.
Neste 1st Class temos grandes bombas: "'Bout that time" (o beat faz-me lembrar o "Guess Who's Back" do Rakim!); "Stay Chisel" com o Nas no mic; "In the sun" com o maravilhoso Q-Tip; "Born to ball"; "Kool" ou a "Radioactive".

Segue-se o Beatz Volume 1 (instrumentals). :)