sábado, 31 de janeiro de 2009

Capas: Blue Lines (1991)



Para fechar este chuvoso mês de Janeiro, aqui fica a capa de um disco também ele chuvoso.
Para muita gente, Blue Lines (1991), dos Massive Attack, marca o início da era do Trip-Hop. A lista de influências melódicas e rítmicas que estão na base do então emergente género é extensa: soul, jazz, dub, hip hop, electronica, breakbeat, downtempo, por aí fora...
No conjunto, é um som híbrido, capaz do efeito mais relaxante como do mais depressivo imaginável. Daí a ideia do chuvoso referida acima. Falo por mim, claro.
Este disco deu também a conhecer o Tricky, que 4 anos depois viria a lançar o seu Maxinquaye, inserido também ele na cena trip-hop. Mas bastante mais negro do que este Blue Lines.
Pessoalmente gosto muito deste disco.

keep shining, Raashan


A propósito dos Crown City Rockers, aproveito para apontar um dos albums de que mais gostei do ano passado: The Push.
Não é o album da banda em si, mas sim do seu vocalista, a solo. De seu nome Raashan Ahmad. Embora não conheça a sua música há tanto tempo como a de outros grandes mcs que admiro, e não tendo ele tanto trabalho como esses mesmos, posso no entanto dizer que este é um mestre de cerimónias de primeira linha. O jeito simples, inteligente e de espírito positivo lembra-me por vezes o Common (Common, sempre ele).
Quanto ao disco, desde Close a Cool Down, passando por Give thanks e Here We Go (jazzyyy shit!! com Kero One no beat), e não esquecendo If I (muito love no ar!), Peace, Shining e The Pressure, é todo um hip hop do melhor que se faz hoje. Underground, alternativo, chamem-lhe o que quiser. Hip Hop... para bom entendedor meia palavra chega.

O clip abaixo é muito interessante. Fica o convite para um eventual comentário!

Peace



Shining - Raashan Ahmad

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Alguém se lembra...




...dos Urban Species?
Provavelmente não.
Mas se ouvir a lindíssima Spiritual Love, provavelmente já lhe dirá algo. Listen (1994) é o primeiro dos dois discos da história dos Urban Species e onde esse inolvidável registo aparece. Mas a qualidade não fica por aí: espante-se com Hide and Seek, Musikism, Listen, The Consequence, The Experience e Brother.
Uma obra-prima.
Desaparecidos desde 1999. Que é feito? Voltem...

nota: Como a Spiritual Love é uma música que tem que ser ouvida em estado puro, deixo aqui a versão original da música e um clip ao vivo com a interpretação da mesma.

It's like two hearts, two minds, two bodies, two souls
Making one whole, now it's gotta be told
That what we have is more than just physical
Don't be so cynical, we got a spiritual love...



Spiritual love - Urban Species

Spiritual Love (ao vivo)


Listen (ao vivo com o francês MC Solaar)


Brother (ao vivo)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

sugestão

O clube GARE, no Porto, recebe esta sexta-feira Marc Hype e Jim Dunloop.
Marc Hype é um produtor e dj alemão envolto em tonalidades como o funk, hip hop, soul e breaks. É justamente o que eu gosto de tocar numa festa ou ouvir alguém a tocar.
Fica o convite.

Check out the scraaatch...


Marc Hype MySpace

rap nuestro hermano (II) quase meio ano depois


Já por aqui a agulha caiu em belos discos de rap espanhol: na altura ouviu-se três grandes registos de Frank T. Na altura apontei outros bons nomes da cena espanhola, casos de Mucho Muchacho, El Payo Malo ou os Violadores del Verso. Estes últimos, aka Double V, sem dúvida o nome mais sonante.
Ora há uns dias, uma amiga minha galega deu-me a conhecer uma prestigiada rapera. Chama-se Mala Rodríguez (que confuso que isto soa) e é dona de um rap assanhado q.b. Pessoalmente, desde que oiço hip hop nuestro hermano, sempre gostei muito da sonoridade dos versos na língua espanhola. Mas conheço quem não goste nada... A verdade é que gostar de rap espanhol passa muito por aí, pelo gosto de ouvir o trauteado animado dos espanhóis. Eu sempre gostei muito da língua em si, pelo que também se deve a isso o meu apreço...
Bem, voltando à Mala, fui procurar o seu primeiro disco: Lujo Ibérico (2000). É um disco de hip hop puro e duro: beats fortíssimos (o boom bap cru) com samples da nova (boa) escola (muita electrónica, fundamentalmente). A particularidade em Mala é que além de rappar com classe, também canta muito bem. O que não se vê em todos os rappers.
Liricamente, Mala oscila entre o discurso descomprometido e o de intervenção social. Isto num palavreado de uma mulher que controla... muito patroa, portanto. De Lujo Ibérico, escolho Tengo un trato, En mi ciudad hace caló (com Kaseo), Yo marco el minuto, El Gallo e A Jierro como as minhas preferidas.

Hombre mudo antes que ciego
ya se que pedir socorro no vale pa na'.
Pedir barril, haz el favor, pide uno lleno.
Lo mejor significa, barre tu terreno
y si hay que soñar, pues sueño
son misiones en el suelo,
asi piso el suelo,
asi me quito el velo,
a ti lo que yo mas quiero


Tengo un trato

domingo, 25 de janeiro de 2009

come in

E pronto.
A rua volta a abrir ao público. Graças ao Guilherme também, responsável pela malfadada colocação da fotografia do cabeçalho. O meu obrigado!
A fotografia faz parte de um conjunto de streetshots que o fotógrafo americano Jamel Shabazz captou durante os anos 80 pelas ruas de Brooklyn. Terra de música e de músicos. Esses trabalhos estão reunidos em duas colecções: Back in the Days e A Time before Crack. Fica aqui uma entrevista com Jamel Shabazz e alguns desses shots, verdadeiros frescos de uma época e da comunidade negra da mesma.
E, enfim, espero que este espaço emane um pouco o espírito da época que a fotografia inspira.
Quanto ao resto, tentei mudar globalmente a coloração. E resultou nisto. Espero que não esteja muito mau.
Ah, a rua, fazendo jus ao menino e ao seu portentoso rádio (procurei saber o modelo mas não encontrei), passará a ter diariamente uma musiquinha a tocar no lado direito. Basta carregar no play. A abrir, de novo a homenagem: Cave in, do Guru. Album? Street Scriptures, pois claro.
A festa continua. Cá fora, na rua, que é onde se está melhor. :)

Francisco.

sábado, 24 de janeiro de 2009

watch your step:

A rua está temporariamente fechada para obras. Melhoramento da calçada, nivelamento de passeios e coisas outras.
As Escrituras, essas, estão de pedra e cal. :)

E como a barrinha do lado direito já tem portugueses a menos...



... é altura de tocar um belo disco, de uma bela artista e de uma bela mulher. Talvez quem se recorde do Chuva de Estrelas de 1994 e não tenha desde aí seguido a carreira de Sara Tavares, desconfie da sua música hoje. Pura ignorância.
Balancê (2005) é, como lhe ouvi dizer um dia, "um regresso às origens". Cabo-verdianas, no seu caso. Mais que um regresso, é o testemunho de uma viagem. Ora como em qualquer viagem, as recordações dos odores, sensações e pessoas ficam na memória. Depois, com o tempo, vão dissipando-se umas, avivando-se outras. Nesta viagem não se quer deixar dissipar nada...
E além do regresso, é também uma partida. Uma partida para o que nos rodeia, para as nossas vivências, para o futuro também.
A música é o balancê que sobe e desce; vai e vem... no tempo e na vida.

Participações do Melo D (Poka Terra) e da fadista Ana Moura (De Nua).

É vulgar rotular-se a música de Sara Tavares como world music. Eu não o faço porque esse parece ser agora um saco quase tao grande como o do Pai Natal em que dá para pôr tudo e mais alguma coisa. Sem dúvida que em muitas situações os rótulos se justificam e são úteis. Mas quando não há critério, vulgariza-se e desprestigia-se o artista e a própria música. Por tudo isto eu encaixo a música de Sara Tavares em boa música, o que evidentemente não exclui um conjunto de géneros mais ou menos definidos.

(totalmente) Fora de contexto: Não é ela muito parecida fisicamente com a Lauryn Hill?

Balancê


Bom Feeling (ao vivo)


One Love (ao vivo)


Amor é (só música)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Celebrar!

Celebrar a música, os músicos e a boa-disposição...
É isso aí, Gabrieu!

Festa da Música Tupiniquim

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Como a barrinha do lado direito já tem homens a mais



voltamos às mulheres. E voltamos com uma com M grande: Chaka Khan é uma das divas do funk e da soul norte-americana. Mais uma vez, foi também com Guru e o seu Jazzmatazz (com Chaka Khan em Watch What You Say) que tive a oportunidade de conhecer esta senhora.

Naughty (1980) é o primeiro disco da sua autoria que aqui toca. Não sendo por certo a data de um disco que o define como característico de uma determinada época, a verdade é que este Naughty deixa fluir o que os eighties trazem à memória de jovens como eu que não estiveram lá: muito funk alternado com toadas mais melancólicas (Nothing's Gonna Take You Away). Há faixas deste disco, como Papillon ou Our Love's Danger, que me fazem pensar em Aretha ou nas Supremes. Além das inevitáveis diferenças no canto, talvez Naughty seja menos... tradicional, no sentido em que apela para a pista de dança de um tipo de clube temporalmente mais perto de mim. Mas isto é só uma opinião de um jovem saudoso e curioso por aquilo que não viveu. Para o caso, esses mí(s)ticos anos 80.
Ficam duas músicas deste disco e ainda o clip de Chaka com Guru.

P.S. 1 - Adoro a capa do disco!
P.S. 2 - Neste disco e noutros mais para a frente, Chaka aparece bem jeitosa. Hoje em dia, à semelhança de Aretha, cresceu um bocadinho para os lados. :)


Naughty (só música)



All Night's All Right (só música)



Watch What You Say (com Guru em Jazzmatazz vol.2: The New Reality, 1995)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

soulfunk flava


Ronny Jordan é um dos músicos que acompanhou Guru e a sua saga Jazzmatazz (tantas vezes aqui falada) em palco.
Como aqui o manifestei, o meu apreço por essa experimental fusion of hip hop and jazz (com assim vem na capa do volume I, de 1993) é grande, enorme. Vai daí, fiquei curioso por saber um pouco mais acerca daqueles que contribuiram para essa obra-prima.

Ronny Jordan é um guitarrista inglês muito credenciado no jazz, especialmente em experiências com estéticas diversas.
O disco que aqui toco é o primeiro que tive oportunidade de escutar deste músico. Trata-se do Off the Record (2001). Eu diria que é um Soul Survivor (do Pete Rock), mas orgânico, bastante mais refinado e com uns vocals femininos muito groovie. Tudo muito chill, num pôr de sol ao pé da praia sem nada a preocupar a cabeça...
A guitarra de RJ é uma constante, dando ao de leve o tom funky que marca todo o album.
Que posso dizer mais? Este é o tipo de disco que eu adoro. Do princípio ao fim.
Fica uma playlist com algumas demos:


Off the Record

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Emancipation



Falar de Prince é, por natureza, difícil. Corre-se sempre (sempre) o risco de deixar uma série de coisas por dizer, pormenores por apontar, peculiaridades por frisar. Por isso mesmo, não me vou alongar muito. Prince é das melhores coisas que eu conheço na Música. Porque a Música transpira nele todas as suas idiossincracias: a beleza, a excentricidade, a surpresa, a cor, o estado de espírito, o movimento, a luz, a soul, a reflexão,... Justamente por isso, é Prince um dos pilares a partir do qual se desenvolveu uma grande parte da boa música norte-americana dos 80' e 90's.

Falar sobre os discos de Prince é igualmente difícil. Por um lado, porque dos que conheço (e são muitos) não há um de que não goste, logo torna-se difícil ser rigoroso e criterioso; por outro lado, porque, mais do que gostar, considero-os a todos, obras primas. Não necessariamente por cada um ser o melhor disco do mundo, mas por todos serem, cada um à sua maneira, brilhante.
Em vez de palavras, sempre insuficientes para a virtuosidade que está em causa, vou pois deixar aqui o primeiro de muitos discos que por aqui passarão. De um artista único. Todos são, diram alguns. Não, não é verdade. Este é unicamente único.

Começo pela fim da década de 90, o que parecerá estranho porventura. Acontece que este é para mim um dos discos que, não sendo um best of, compilação, colectânea nem nada do género, faz, involuntariamente, uma súmula fabulosa da música de Prince desde o For You (1978). Falo pois de Emancipation (1996), disco de 3 volumes, que traz na capa o símbolo indecifrável celebrizado por Prince. Digo súmula porque nos deparamos com um fenómeno sonoro inclassificável: soul, funk, rnb, hip hop, rock, psicadélico, pop, country, techno/progressive. Para uma melhor identificação com o que tento dizer, ficam alguns registos que abarcam toda essa super-dimensão estética. São mesmo só alguns, porque das 36 faixas, eu adoro 34 ou 35...
Aliás, para fazer isto bem feito, era escrever sobre cada volume em separado. Mas neste momento o tempo não abunda.
Ladies and Gentleman:


Jam of the Year - Prince


Slave - Prince


New World - Prince


One Kiss At A Time - Prince


Right Back Here in My Arms - Prince


Somebodys Somebody - Prince


The Human Body - Prince


Emale - Prince


Face Down - Prince


Da, Da, Da - Prince