quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Seada

O Seada (pronuncia-se "sida"), além de mc, estudou na mesma escola que eu e rappou em palcos ao lado de amigos meus. A ele, pessoalmente, nunca o conheci. Apenas ao irmão, também ele um amante de música rap (props, Pipas!).
Quanto ao Seada, desde que descobri o seu myspace que me apaixonei pelos seus beats e pelos seus versos. Desde então que me vinha a interrogar: para quando o momento do justo reconhecimento deste mc no panorama do rap português? De quando em vez, lá aparecia ele em colaborações circunstanciais de myspace, em mixtapes muito underground, num ou noutro concerto. Parece-me que as atenções só agora nele se retiveram, com o clip que abaixo fica.
O que posso dizer é que fico muito satisfeito pelo hip-hop português poder agora conhecer em pleno um valor como este; e muito feliz por ele, que há tanto tempo anda no underground a produzir e compôr letras como poucos.
Parabéns!

Seada ft. Dino & DJ Nelassassin - Taxi! (faixa da compilação Best Off)


A propósito, a letra acima no clip nem é aquela, do seu repertório, que mais me agrada. Há outras coisas belíssismas, que podem ser encontradas no seu myspace. Fica um excerto da faixa "Quando produzo o meu jazz":

"Também tenho febre e escrevo
o meu diário cheira a novo
de páginas velhas a anos
à espera de ser estreado
poucos
foram os instantes
é frustrante tentar falar* de mim fluentemente
sabendo que nunca o fiz antes

Cabelo despenteado
uma mente genialmente estragada
num corpo atarracado
Genuinamente falso
porque eu quero ser feliz
obrigo-me a ser outro
para que gostem mais de mim

Talvez seja mentira
mas escrevo
pelo sim, pelo não
talvez um dia perca o medo
sempre foi o meu segredo
mas nunca o escondi
se fiz com que nunca me entendessem
foi porque nunca disse isto assim...

Eu nunca quis ser assim
sempre foi mais fácil
dizer de forma confiante
que tinha defeitos
e respondiam-me
"mas quem não os tem"?

ser o primeiro a confidenciar
com aquele ar desinibido de auto-controlo
que fica sempre bem...."

(Métrica construida livre e descomprometidamente por mim e que, por isso, não corresponde à original. Se falo pela segunda vez nesta questão, é porque, de facto, considero fundamental esse aspecto para a estética e para a própria fonética do poema).

* Não estou certo quanto ao termo "falar".

1 comentário:

  1. A primeira vez que eu ouvi o Seada foi em Fevereiro/Março. Lembro-me que fiquei agradavelmente surpreendido e desde aí tenho sempre tentado manter-me a par do que o Seada vem fazendo.

    Cá espero mais cenas dele :)

    Grande abraço, Francisco.

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