sexta-feira, 18 de julho de 2008
Festival Músicas do Mundo
Começou ontem em Sines o Festival Músicas do Mundo (até dia 26 Julho). No seu 10º aniversário, o festival traz mais uma vez uma enorme diversidade de música, cultura, vida! Do cartaz, o meu destaque vai inteirinho para os Last Poets, que actuam dia 19, sábado. Os Last Poets, a par de Afrika Bambaata e outros, são os pais, padrinhos, avôs e todos outros graus de parantesco familiar superior que quisermos do Hip Hop.
Apareceram pela primeira vez na década de 60 ao lado do movimento negro pela igualdade de direitos civis. Recorde-se nesse sentido os Black Panthers, movimento cujo um dos líderes era a mãe da lenda rap Tupac Shakur, ele próprio também um militante. Curiosamente, o grupo formou-se no dia 19 Maio de 1968, precisamente o dia em que nasceu Malcom X. O nome Last Poets provém de um poema de Keorapetse Kgositsile, um poeta e activista político sul-africano que falava do fim da era da poesia e do início de uma nova onde as armas imperariam. Cabe-me a mim recusar hoje terminantemente este prognóstico: as armas não venceram, por mais que continuem a espreitar. A poesia terá sempre o seu lugar e terá sempre quem lute por ela. Eu serei um deles!
O primeiro disco dos Last Poets remonta a 1970 e tem o mesmo nome do grupo. Trata-se de pura poesia revolucionária carregada de sátira, sem qualquer suporte melódico, à excepção da percurssão (muitos jambés) e das vozes e urros por detrás de quem recita. Chega a ser um verdadeiro transe onde ritmo e poesia se degladiam quase que selvaticamente, criando uma atmosfera grotesca, animal. Mas o que é então Ritmo e Poesia? Nada mais nada menos que Rythm And Poetry... isso mesmo: RAP.
Os Last Poets contam com um extenso rol discográfico, datando o último album de 2004: Science Friction.
O seu reconhecimento no mundo hip hop é unânime: eles constituem as verdadeiras roots do movimento.
Com muita pena minha, não poderei ouvir estes (já) velhotes, dado que as economias exigem poucas deslocações e, por outro lado, nesse dia irei ouvir Macy Gray, de quem já falei por aqui.
Fica aqui Niggers are scared of Revolution. Esta música é particularmente interessante porque percebemos que a mensagem passada nem é tanto de crítica para a sociedade, para o Estado; antes mais para a própria comunidade negra, acusando-a ironica e satiricamente da preguiça, da inércia, do desinteresse pelas verdadeiras causas que lhes são úteis. Não me recordo agora do nome, mas sei de uma música do rapper português NBC que também grita algo deste género.
Passados quase 40 anos desde 1970, a mensagem do primeiro disco dos Last Poets continua a fazer sentido.
Em Sines, o Hip Hop vai renascer!
A letra está aqui.
Festival Músicas do Mundo
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