domingo, 31 de agosto de 2008
rap nuestro hermano (I) - Frank T
Regressado de Espanha, mais concretamente de Barcelona, trouxe na mala alguns cds interessantes. Algumas coisas que conhecia, outras nem tanto.
Fundamentalmente trouxe rap e jazz. O primeiro espanhol, o segundo americano (grandes pechinchas!). Curiosamente, a habitación em que fiquei era partilhada por um galego (saludos, Xosé!) residente em barcelona que era fotógrafo profissional e que, entre outros trabalhos, já tinha fotografado tours e concertos de alguns rappers espanhóis. Quem aprecia Dealema, o colectivo de Nova Gaia, certamente já terá ouvido tapes do grupo com El Puto Coke. Pois é, o meu anfitreão era compincha desse mesmo rapper.
Para quem desconhece o panorama do hip hop espanhol, há que lançar um primeiro aviso: tem coisas muuuito boas! É o caso de La Excepción, Porta, Mucho Muchacho (catalão), El Payo Malo e, porventura os dois mais emblemáticos, o grupo Violadores del Verso (aka Double V) e o rapper Frank T.
Escolhi primeiramente Frank T porque trouxe comigo o triplo cd intitulado Frank T - Discografía básica que inclui os seus três primeiros discos de originais: Los pájaros no pueden vivir en el agua porque no son peces (1998) (que metáfora infinita, esta), Frankattack (1999) e 90 Kilos (2001). Tudo por... 13 euros! Eheh... o El Corte Inglés tem destas coisas!
São três disco fantásticos que foram a minha banda sonora nos dias que lá tive enquanto fazia a lida da casa. Frank T consegue fazer 3 discos no período de 4 anos com uma qualidade e, friso esta, regularidade, espantosa. Não é coisa fácil! Pensem só no primeiro album de Boss AC (formidável!) e depois pensem nos seguintes. Foi uma "descida pela ribanceira abaixo", como se diz na minha terra...
Frank T consegue essa regularidade com uma ementa muito simples e, ao mesmo tempo, difícil: grandes beats e grandes letras. Como parece fácil! São beats muito underground, com batidas poderosas e assertivas. A melodia, especialmente em Los pájaros no pueden vivir en el agua porque no son peces (1998), é escura, grave. A partir deste disco, nota-se uma evolução quer na secção rítima, quer na sonoridade. Na primeira, o beat torna-se multifacetado, alternando as batidas vigorosas com percussões mais ecléticas e mexidas. Menos monótonas, também. Quanto à atmosfera melódica, crescem os samples multifacetados, entre a salsa, o jazz, hip hop, o rnb, trip hop e até o chill out. Também as participações vocais consubstanciam essa evolução musical - são muitos os convidados com contributos esteticamente diversos. 90 Kilos (2001) condensa toda essa caminhada musical.
E o liricismo? Bem, ao ouvirmos Frank T, percebemos que não estamos a ouvir um qualquer jovem que se lembrou de pegar no mic. Não sei ao certo quantos anos terá Frank T e, embora não querendo fazer da idade um atestado de coisa alguma, a verdade é que as suas letras, além da forte consciência ética, cívica, política e social, emanam uma supreendente maturidade e serenidade. Assim de repente, só me lembro de Guru (com os Gangstarr ou a solo) como exemplo do que tento transmitir de Frank T. É um discurso lírico menos próximo do ouvinte, como que (muito) mais pessoal e resguardado. E sapiente.
Infelizmente, os clips de Frank T deste período são pouquíssimos - dois, para ser mais preciso. Por isso mesmo, preferi trazer aqui um (excelente) clip de uma excelente música do seu último cd: Sonrían por favor (2006). Chama-se Optimista y Soñador, da qual aliás já tinha mostrado o meu apreço noutras paragens.
Frank T - Optimista y Soñador
Frank T website
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