sábado, 11 de abril de 2009

Música e Revolução

Nas celebrações do 25 de Abril, a Casa da Música apresenta um conjunto de concertos cujo espírito pretende atender à ligação (umbilical) entre a música e a realidade política e social. Não é novidade que desde que o Homem faz música que uma das vertentes por si explorada foi o discurso de informação, a transmissão de ideias e visões, a contestação, a crítica e/ou narração. Repare-se que nem me estou a referir apenas à música do séc. XX. Mesmo se pensarmos na música clássica, ou, indo ainda mais atrás, em todo o tipo de cânticos guerreiros, a Música sempre teve um lugar muito especial como meio de expressão do cidadão-indivíduo (mesmo quando quem o fazia ainda não detinha sequer o estatuto de cidadão). Mas bem, não pretendo fazer agora nenhum ensaio sobre uma realidade tao densa.
Voltando então à Casa da Música, interessa-me sobretudo deste cartaz dois nomes: William Parker e os Last Poets.
Quanto ao primeiro, virá interpretar alguns dos temas que fizeram de Curtis Mayfield (já tocado aqui na rua) uma das maiores vozes da música de intervenção da luta negra pela igualdade dos civil rights na década de 70. Entre o rock, o funk e o soul, Curtis Mayfield foi um dos maiores críticos da tão famosa quanto repugnante política do equal but separate. Aquela que permitia aos brancos escolher os bancos mais aprazíveis dos autocarros...

Quanto aos Last Poets, já aqui foram notícia pela sua vinda ao Festival Músicas do Mundo, em Sines. Pioneiríssimos da música rap, lançaram o seu primeiro disco, Last Poets, em 1970, disco em que o tom declamativo, quase-falado - a spoken word - seria a base para o desenvolvimento do rap. Quando ao discurso se juntaram os breaks funky do Kool Herc, nunca mais a América quis outra coisa... :)
Se a Sines não fui, desta vez não vou perder estes autênticos jurássicos (em idade, também!).

William Parker: Dia 26 Abril, 22h, Sala Suggia

Last Poets: 1 Maio (!), 22h, Sala Suggia

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