com um dos discos de jazz mais belos que escutei nos últimos tempos: Pithecanthropus Erectus (1956) de Charles Mingus.
Sem caír no free jazz (fortemente presente à época) que pessoalmente não aprecio muito por aí além, Mingus apresenta 9 composições muito doces e fáceis de ficar no ouvido.
As últimas três faixas do disco - Jump Monk (em homenagem a Thelonius Monk), Serenade in Blue e Work Song - são faixas que já encontramos no seu disco anterior - Mingus at the Bohemia (1955).
Charles Mingus - Haitian fight song
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
terça-feira, 28 de outubro de 2008
por ruas parisienses
Já que tanto se falou por aqui do trompetista Donald Byrd enquanto colaborador de Guru na colectânea Jazzmatazz, aproveito para tocar um disco do próprio.
Jazz in Paris (Byrd in Paris) é um dos discos gravado ao vivo em 1958, a par de outros como The Giant ou Donald Byrd Quintet Parisian Thoroughfare. São 5 faixas de longa duração, das quais as minhas preferidas são Paul's Pal e Dear Old Stockholm. Esta última é sueca, de origem popular, mas tem sido reinterpretada por nomes como Miles Davis, Coltrane ou o nosso Donald Byrd. Juntando o útil ao agradável, deixo a música e algumas fotografias de Estocolmo. Velha não sei, mas quando lá estive, em Fevereiro deste ano.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Peace, Love, Unity and Having fun 17 NOVEMBRO CASINO LISBOA
Afrika Bambaataa (AB) é o terceiro artista da nossa rubrica sobre o ciclo de concertos que vem trazer o melhor do Hip Hop mundial a Lisboa.
Reconhecido unanimemente como o avô do hip hop, é a ele que se imputa o despontar do Hip Hop enquanto filosofia e estilo de vida. Enquanto cultura própria e com propósitos bem claros. Mas recuemos um pouco no tempo...
Originário de um dos blocks mais férteis em violência (mas também de rappers) de New York City - o Bronx - AB desde cedo se iniciou na vida de street gang que proliferava pelas décadas de 60 e 70 nas maiores cidades dos EUA. É por esta altura que se massifica a imigração de africanos e hispânicos na busca do já quase cliché american dream. Acontece que, como sabemos, essa busca redundou muitas vezes numa exclusão social tremenda cuja expressão mais popular é o Ghetto. Envoltos em vidas familiares altamente desiquilibradas e ignorados por uma sociedade também ela ghettizada (para os ricos, repare-se no fino paradoxo), muitos jovens caíam (e caiem...) na vida do crime: violência, droga, armas e por aí fora. Ora o Bronx desde sempre que foi um dos centros desta marginalidade, a par de outros locais como o Harlem ou Brooklin, por exemplo.
No início dos anos 70, AB fazia parte dos Black Spades, um dos grupos de jovens delinquentes que se passeava no Bronx. A rivalidade e violência entre gangs era uma constante na vida de AB e muitos outros, até ao dia em que AB perde o seu melhor amigo numa rixa. Perturbado pelo acontecimento, AB reflecte sobre o quotidiano que o rodeava e chega a uma conclusão tão simples quanto inteligente: porque não usar tanta força jovem para fazer algo de útil para o bem-estar de cada um e da comunidade? Ainda hoje AB frisa esse espírito aristotélico quando refere que a solução só pode continuar a ser uma: transformar energia mal utilizada em energia positiva, construtiva, comunitária.
Ávido coleccionador de vinys, AB vai fazer do hip hop o meio de expressão das suas ideias para os jovens. E nesta dimensão da música enquanto veículo de transmissão, falar de AB é indissociável de falar em Kool Herc, DJ jamaicano imigrado, que já animava fazia algum tempo as block partys com o seu primitivo soundystem (música muito alta passada em plena rua) onde se faziam ouvir o dub e o reggae, a que mais tarde se juntaram o funk de James Brown, o soul e o gospel. Foi este o primeiro homem a tocar com dois gira discos assim como foi o pioneiro na arte do breakbeat - a repetição de um só trecho rítmico, forte, seco e puro. Como que o beat-base do funk. À técnica (os skills) AB juntou então os seus vinys onde a novidade era o registo electrónico que conhecia por intermédio dos Kraftwerk, que vinham a produzir e a revolucionar desde o início da década de 70. Foi uma mistura explosiva que incendiou os corpos dos que se entregavam à dança com ágeis movimentos de difícil execução: os breaker (de breakbeat) boys (b-boys ou b-girls). Simultaneamente, era usual convidar alguém para ir falando enquanto o dj tocava e os breakers dançavam. Os Master of Cerimony (MC) apresentavam os participantes, anunciavam quem chegava à festa, mandavam bocas aos amigos da assistência e iam animando as hostes com rimas bem humoradas.
A ideia-chave era uma: competir, disputar, rivalizar com arte, engenho e boa disposição. Retirar os jovens da delinquência e reuni-los para se divertirem e celebrarem. Para esquecerem por momentos as agruras do dia a dia.
Mas AB ousou ir mais longe: criou a Zulu Nation, ONG que desde então se bate pela difusão dessa filosofia de vida e que cuja forma de estar se resume pela trilogia presente no título deste texto. Nesse sentido, tem percorrido o mundo dando concertos cujas receitas revertem para solidariedade e combate à exclusão social. Ontem como hoje. Provavemente, como amanhã. No seu website, podemos encontrar os princípios e valores por que se guia, tendo sempre o Hip Hop como meio de comunicação.
Afrika Bambaataa é o autor de algumas malhas que representam a fase mais party people do rap: Planet Rock (mítica), Got That Vibe (com King Kamonzi), Jazy Sensation ou Zulu Nation Throwdown são alguns exemplos. O conceito floresce e surgem novos nomes que ficariam para a história do Hip Hop: Grandmaster Flash (quem não se lembra de The Message?), Sugar Hill, Kurtis Blow (Christmas rap, These are the breaks!!), entre outros.
AB foi também o primeiro artista de rap a trabalhar com o pai do soul James Brown, parceria da qual saíu a faixa Peace, Love, Unity and Having Fun.
Com a década de 80, o Hip Hop fixou as suas 4 vertentes fundamentais: deejaying, mcing, breakdancing e writting (grafitti). Note-se como em todas elas há um enorme apelo ao duelo e ao desafio enquanto formas de comunicação e socialização.
Neste momento, acrescento ao termo Hip Hop a concepção formulada por KRS-One: Hip is the Knowledge, Hop is the Movement. Cultura em movimento, portanto!
Não falar na história do Hip Hop em si ao falarmos de Afrika Bambaataa é tarefa impossível. E por isso mesmo escrever sobre AB implica dedicação e empenho. Todavia, como qualquer trabalho de pesquisa histórica, está sujeito a alguns lapsos e falhas, pelo que serão porventura muitos outros nomes intimamente ligados às raízes do Hip Hop. Pelo que desde já ficam as minhas desculpas por qualquer esquecimento. Como ficam também a minha abertura a possíveis correcções!
Nos dias de hoje, com 51 anos, Afrika Bambataa é um homem cuja vida é transversal a mutações profundas oEUA, não só na música como também na política. Note-se que a segunda metade do séc. XX foi um período agitado para a América, por motivos mais que sabidos. No que à musica diz respeito Afrika Bambaataa testemunhou, como ele próprio refere em algumas entrevistas, movimentos como o rock, o punk, o heavy metal ou os caminhos alternativos que o Hip Hop tomou.
Para terminar, vamos embelezar o SS com alguns dos beats mais clássicos dessa cultura por quem tenho um carinho muito pessoal.
Como já dizia KRS-One, Hip Hop lives!
Afrika Bambataa is in the house:
Planet Rock
Peace, Love, Unity and Having Fun (live)
Peace, Love, Unity and Having Fun (com James Brown)
Looking for the perfect beat
Renegades of the Funk (com The Soul Sonic Force)
Shake Pop 'n' Roll
Afrika Bambaataa MySpace
Zulu Nation website
tons:
Afrika Bambaata,
Concertos,
Hip Hop
sábado, 18 de outubro de 2008
Gifted Unlimited Rhymes Universal (GURU) directly from Brooklyn, New York City 3 NOVEMBRO CASINO LISBOA
Keith Edward Elam é a lenda viva do rap americano que vem incendiar Lisboa com o seu flow jazz-rap no dia 2 Novembro, no Casino de Lisboa.
Conhecido no mundo artístico como Guru, está activo desde a década de 90 quando juntamente com DJ Premier fundou os inolvidáveis Gangstarr. Se há muito boa gente que considera a década de 90 como a golden age do rap americano, então a presença dos Gangstarr será um fortíssimo argumento para o explicar. Já em 1989, a dupla lançara No More Mr. Nice Guy, album onde se manifesta o beat acelerado característico da época (influências de nomes com Run DMC ou NWA). Se DJ Premier começa a dar os primeiros sinais de magia nos pratos, Guru apresenta logo o seu cartão de visita: sobriedade, inteligência, maturidade, serenidade. E muita, muita agilidade na arte do spitting on the mic. O discurso de Guru encontra-se esparso em diversas mundividências: a arte e o prazer de rimar (daí as iniciais GURU); o panorama americano do hip hop e o que este significa enquanto modo de vida (a trilogia clássica do Peace, Love & Safely Having Fun); a instrospecção profunda (veja-se a faixa Moment of Truth do album com o mesmo nome, 1998) com descrições depressivas mas com mensagens de optimismo; letras festivas e de celebração do dia-a-dia e da boa vibe; a crítica social e política (nesse sentido, por exemplo, Code of The Streets do disco Hard to Earn, 1994) embora esta temática tenha relativamente menor peso quando comparada com outros grupos da mesma época - lembre-se especialmente os Public Enemy que haviam acabado de incendiar a América com It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back (1988) e Fear of a Black Planet (1990).
1993 é um ano marcante para Guru e para a história do rap americano. Se é verdade que já antes desse ano, boys como Jazzy Jeff, A Tribe Called Quest, Common ou Pete Rock & CL Smooth haviam já dado um cheirinho de jazz aos seus beats, é com Jazzmatazz, Vol. 1 que os tons de Nova Orleans se espraiam assumidamente pela cena rap. Já por aqui falei deste album, pelo que me resta reafirmar a super-qualidade deste disco. É um verdadeiro must-have. Ou um must-listen, se quiserem. Guru no microfone cheio de flow, e uma fauna jazzística a dar-lhe música. Muitos pianos, baixos, guitarras, saxofones e vocals femininos da mais pura sensualidade - N'Dea Davenport dos Brand New Heavies é um exemplo. Referências do mundo jazz? Donald Bird, Roy Ayers ou Ronny Jordan, para citar alguns. Jazzmatazz Vol. 1 é na minha opinião o marco por excelência da era do jazz-rap americano, que tantos prosélitos haveria de encaminhar. Como li na AllMusic.com, Jazzmatazz Vol. 1 is a rap album for jazz fans and a jazz album for rap fans, skillful and smart, clean when it needs to be and gritty when that's more effective, helping to legitimize hip-hop to those who doubted it, and making for an altogether important release.
Entretanto os Gangstarr continuaram a lançar albums (Hard to Earn em 1994) e Guru a produzir jazz-rap. A segunda fornada do seu projecto pessoal sai com Jazzmatazz, Vol. 2: The New Reality (1995), onde Guru reune artistas como Kool Keith (louco!!), Jamiroquai, os repetentes Ronny Jordan e Donald Byrd, Chaka Khan, Kenny Garrett, Bahamadia, entre outros. O registo melódico é o mesmo, embora a a composição e a expressão da rima deixe mais vincado o cariz rap do disco.
Se nos dois primeiros capítulos da saga Jazzmatazz o produtor foi DJ Premier (o mesmo dos Gangstarr), em Jazzmatazz, Vol. 3: Streetsoul (2000) encontramos no estúdio o eterno J Dilla (RIP). Em Jazzmatazz, Vol. 4: The Hip-Hop Jazz Messenger: Back To The Future (2007) o arquitecto é Solar. Em Streetsoul, o declínio do jazz mais tradicional confirma-se, vindo ao de cima o soul e o r&b (o genuíno). Nesse contexto, são ilustres as presenças de Angie Stone, Bilal, Craig David, Erykah Badu, The Roots (!), Macy Gray, Pharrel Williams (a despontar na altura) ou Kelis. Nomes que muitos incluem na vaga do neo-soul americano. Herbie Hancock (!!) e Isaac Hayes representam o lado mais jazzy e funky do disco. Keep your worries (com Angie Stone), Plenty (dueto esplêndido com Erykah Badu) ou Timeless (com Herbie Hancock) são algumas das faixas que exprimem a riqueza eclética deste trabalho.
The Hip-Hop Jazz Messenger: Back To The Future (2007) marca o aparecimento do produtor Solar ao lado de Guru, parceria que se voltará a ver num disco de que ainda falaremos. Ora pode-se dizer que o resultado da parceria foi proveitoso. Solar tem um estilo próprio, não destoando no entanto do espírito da colectânea. Mantem-se a vibe soul/r&b/rap com novos convidados: Common (as minhas vénias), Slum Village, Bobby Valentino, Damian Marley, Raheem DeVaughn ou Blackalicious (grande malha!). O equilíbrio da balança é o mesmo: do jazz temos agora David Sanborn, Ronnie Laws e Bob James. Solar parece-me a mim um corajoso, ao lançar-se ao lado de Guru pela primeira vez num projecto desta dimensão. Diga-se que a coragem é recompensada... o disco começa logo com um som portentoso: Cuz I'm Jazzy solta funk a rodos. E diz Guru: "I'm Jazzy like Dizzy and Bird" em alusão a Dizzy Gillespie e Charlie Parker, já aqui musicados.
E quanto aos Gangstarr? Bem, esses continuam imaculadamentea produzir alguns dos discos mais clássicos da história do hip hop: Moment of Truth (1998), Full Clip: A Decade of Gang Starr (1999), The Ownerz (2003) e Mass Appeal: Best of Gang Starr (2006).
Em 2005 Guru lança então, novamente com Solar no estúdio, Version 7.0 The Street Scriptures. E mal começa a primeira faixa a rodar, as nossas possíveis preocupações se desvanecem. É o velho Guru. Igual a si próprio. Solar confirma as boas indicações deixadas no volume 4 de Jazzmattaz. Arrisco mesmo dizer que não soubéssemos da história até diríamos que Solar e Guru já tocam há muito tempo juntos. Melhores bats deste belo disco: No Time, False Prophets, Step in the Arena 2 (I'm sayin), Surviving tha game, Hall of Fame, Kingpin, Fa Keeps, Feed the hungry e What's my life like. Preferidas: Hall of Fame, Feed the hungry e What's my life like.
Como já foi referido no post sobre Premier, hoje são muitos os pontos de interrogação quanto à carreira dos Gangstarr. Sem discos de originais desde 2003, ambos têm continuado a produzir e a dar espectáculos mas por caminhos separados. Não confirmam zangas nêm anunciam regressos. Marketing ou factualidade? Não saberemos por enquanto.
Enquanto Master of Cerimony, Guru detém um estatuto que poucos tiveram ou têm no presente. No passado, talvez só Notorious BIG e Tupac Shakur, e estes por motivos também além-música. No presente, o lendário Afrikaa Bambaataa, KRS-One, Rakim, CL Smooth, Q-Tip (A Tribe Called Quest), Chuck D (Public Enemy) e Black Thought (The Roots) serão dos poucos que se elevam ao seu patamar no ambience da comunidade oldschool. É que Guru transpira classe. Estilo. Serenidade. Maturidade. É um senhor do mic. Daí também os numerosos trabalhos para os quais é requisitado o seu contributo.
Que maior elogio se podia aqui fazer a Guru do que dizer que este blog deve o seu nome ao seu último album? I'm down on my knees.
Sometimes you gotta dig deep, when problems come near
Don't fear things get severe for everybody everywhere
Why do bad things happen, to good people?
Seems that life is just a constant war between good and evil
The situation that I'm facin, is mad amazin
To think such problems can arise from minor confrontations
Now I'm contemplatin in my bedroom pacin
Dark clouds over my head, my heart's racin
Suicide? nah, I'm not a foolish guy
Don't even feel like drinking, or even gettin high
Cause all that's gonna do really, is accelerate
The anxieties that I wish I could alleviate
But wait, I've been through a whole lot of other shit, before
So I oughta be able, to withstand some more
But I'm sweatin though, my eyes are turnin red and yo
I'm ready to lose my mind but instead I use my mind
I put down the knife, and take the bullets out my nine
My only crime, was that I'm too damn kind
And now some skanless motherf**kers wanna take what's mine
But they can't take the respect, that I've earned in my lifetime
And you know they'll never stop the furious force of my rhymes
So like they say, every dog has it's day
And like they say, God works in a mysterious way
So I pray, remembering the days of my youth
As I prepare to meet my moment of truth
Moment of Truth (Gangstarr Moment of Truth, 1998)
Guru - Loungin' com Donald Byrd (Jazzmatazz Vol. 1)
Guru MySpace
Gangstarr MySpace
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
"A man of few words" 27 OUTUBRO CASINO LISBOA - "WE DROP BOMBS TOO!"*
No seguimento do texto anterior, e prestando tributo aos nomes que aí vêm encher Lisboa de rythm and poetry, inicio aqui uma rúbrica com crónicas dedicadas a cada um dos artistas. Assim sendo, hoje começamos por DJ PREMIER.
DJ PREMIER é um produtor e dj americano de hip hop. Um dos melhores de sempre, para mim. Um dos melhores na actualidade. Este aparente silogismo não o é, de facto. Porque é difícil ostentar esses dois títulos.
A solo, com os Gangstarr (fazendo dupla com Guru), ou produzindo para outros grandes artistas, DJ PREMIER deixou e continua a deixar uma marca muito própria no panorama do rap e jazz-rap americano, com naturais repercussões na cena europeia.
Primo, como é conhecido, é um verdadeiro autodidacta; um rato não da biblioteca mas de estúdio e das lojas de vinys. A produzir desde a década de 90 (para muitos a golden age do hip hop, a meias com a segunda metada da década de 80), Premier faz da música plasticina: toca-lhe, amassa-a, alisa-a, volta a amassar, compacta, desfaz, volta a juntar... enfim, brinca. Nesse tempo recreativo, aproveita várias cores e formas: hip hop, soul, funk, scratch, samples... Aos que clamam por instrumentos, Premier responde-lhes com vinys, samples, pratos e mpcs. É que fazer muito (tanto!) com pouco também é um estilo... e uma virtude.
Quanto ao seu método de composição enquanto produtor, este texto que encontrei na wikipédia descreve-o de forma cristalina:
Premier's signature style is, essentially, a two-bar break to make up the rhythms of his tracks, and a scratched chorus. (...) Premier usually creates a one or two-bar melody that repeats itself throughout the song, usually using a combination of orchestral and ambient samples. This template of simple repetition leaves plenty of room for the MC to spread out.
He has also shown innovation by playing unusual elements into rap songs (such as the bicycle bells in Group Home's "Supa Star" or the ambient nature sounds on Nas' "Nas Is Like"), and his wide range of instruments (the piano loop on Jay-Z's "D'Evils" and the strings on Rakim's "New York (Ya Out There?").
É incrível o rol de nomes que já recorreram aos seus dotes de mago. Só para nos apercebermos da dimensão do que tento expressar: Lord Finesse, Ice-T, Mobb Deep, KRS-One, Big Daddy Kane, M.O.P., Group Home, Bahamadia, Jeru the Damaja, Nas, Rakim, Notorious B.I.G., Mos Def, Afu-Ra, Big L, Dilated People, J-Live, Non Phixion, Snoop Dogg, Xzibit, Kool G Rap, .... E não saíamos daqui. E entretanto já terá dito o leitor: ei, mas isso é toda a velha guarda do hip hop! Pois, pois. E se agora eu disser que também já produziu para artistas tão diversos como a pop Janet Jackson ou o soulman D'Angelo? Pois!
Actualmente, Primo detém duas labels: a Year-Round Records e a HeadQcourterz Studios.
Como artista, e fora da dimensão musical estrita, Premier carrega consigo uma aura quase messiânica. Não é no entanto um one man show. Talvez porque é no background que estão os seus brinquedos favoritos: os pratos. Quanto ao tão desejado regresso dos Gangstarr, a resposta continua a ser a mesma: um desesperante nim. Enquanto isso, podemos ir escutando as suas colaborações e o album que aí vem: A Man of Few Words (no título deste texto).
É-me difícil escolher um clip ou um som de Premier. Tão difícil é, que não vou deixar um mas vários. Deliciem-se! Antes disso, deixo uma entrevista com o próprio:
DJ PREMIER interview
DJ PREMIER featuring Nas, Rakim, Kanye West & KRS-One - Classic
Gangstarr - Full Clip
Gangstarr - Mass Appeal
Gangstarr - Code of The Streets
Group Home - Supa Star
Group Home featuring Guru - The Legacy
Nas - Nas is Like
DJ Premier MySpace
*frase retirada da entrevista a Premier.
DJ Premier MySpace
Gangstarr MySpace
tons:
DJ Premier,
Hip Hop
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
cheeeck it out!!
O SS tem o incomensurável prazer de anunciar que DJ PREMIER (27 Outubro), GURU (3 Novembro), AFRIKA BAMBAATA (17 NOVEMBRO) e DE LA SOUL (1 DEZEMBRO) vão actuar no espaço Arena Lounge do Casino de Lisboa.
THE OLDSCHOOL IS COMING TO TOWN...!!
tons:
Concertos,
Hip Hop roots
domingo, 5 de outubro de 2008
Na rua com...
Madeleine Peyroux é uma georgiana que cresceu entre os Estados Unidos e a Europa, mais precisamente em Paris. Foi nesta última que Madeleine começou a cantar nas ruas e a frequentar clubes de jazz, nos quais mais tarde começou ela própria a dar espectáculos.
São muitos os que a apontam como percurssora da obra de Billie Holiday. Há nesse sentido uma expressão que eu acho muita piada (e que está na sua biografia oficial): os smoke-and-whiskey vocals comuns a Madeleine e a Billie.
Madeleine não é uma artista de grandes holofotes (leia-se mediatismo). Disso mesmo dá conta o longo período temporal que medeia o lançamentos dos seus discos ou a discreta publicidade que é feita à sua volta. Talvez voluntariamente e devido, digo eu, a essa sua vivência nos seus primeiros anos como chanteur de rua.
Da sua discografia conheço Dreamland (o seu primeiro disco, 1996) e Got You On My Mind (com William Galison, 2004). Neste mesmo ano (2004) lançou também o muito aclamado Careless Love, que ainda nã tive oportunidade de escutar. Há dois anos Half the Perfect World foi o último disco editado.
Em ambos os discos que conheço predominam os blues, o jazz, o soul e o folk. Todavia, penso ser em Dreamland que a voz de Madeleine vem mais ao de cima, num tom tão doce quanto senhoril.
A última passagem de Peyroux por terras lusitanas aconteceu em Julho passado, no Convento de Mafra, no âmbito do (tão rico) Cool Jazz Festival.
Como me me suscitou curiosidade a vida itinerante de Madeleine como artista de rua, o clip abaixo dá-nos a conhecer uma jovem de 17 anos, em Paris, a cantar como gente grande. Ilumina-me ainda um pouco aquele imaginário da Paris intelectual, cultural, boémia...
A música é Getting some fun out of life, presente em Dreamland. Música que é, originalmente, de Billie Holiday... coincidências :) Diga-se que a letra é um pueril hino ao carpe diem:
When we want to love, we love
When we want to kiss, we kiss
With a little petting, we're getting
Some fun out of life
Madeleine Peyroux @ Paris live in 1991
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